Vai passar!

Querida leitora, querido leitor, quando esta edição do Unidade estiver em suas mãos, estaremos próximos das eleições gerais de 2022. E, se tudo der certo, o nosso próximo editorial começará desta maneira (pode anotar, promessa é dívida): ATÉ NUNCA MAIS, JAIR BOLSONARO!

Bem, cantar vitória antes da hora nunca é um ato prudente e sabemos de todas as incertezas e dificuldades que teremos até a hora do anúncio do resultado das eleições. Mas uma coisa é certa: a classe trabalhadora, os sindicatos, partidos e movimentos populares têm o dever de atuar de maneira incessante para que Bolsonaro seja derrotado nas urnas e nas ruas — o que significa, claro, acabar com qualquer intento golpista antes, durante e após as eleições. Guarda alta, pés no chão, muito trabalho (e uma cervejinha, porque ninguém é de ferro) não fazem mal a ninguém…

E o que cabe a nós, jornalistas, nesta luta pela derrota do bolsonarismo e de seu projeto obscurantista e autoritário? Bem, bastante coisa! Afinal, desde o dia 1º de janeiro de 2019, Jair Bolsonaro elegeu nossa categoria como inimiga. Durante quatro anos, exercemos nosso ofício sob xingamentos, ridicularizações e ataques — principalmente de cunho misógino e homofóbico — desferidos pelo próprio presidente da República, simplesmente por realizarmos nosso trabalho jornalístico.

Como era de se esperar, a postura vinda do chefe do Poder Executivo estimulou seus apoiadores a fazer o mesmo contra a nossa categoria. De acordo com o último relatório da Federação Nacional dos Jornalistas (Fenaj), o estado de São Paulo registrou o maior número de ataques contra jornalistas em 2021: foram 45 casos documentados em um universo de 460 agressões de diferentes tipos registradas pelo país. Enfim, nos tornamos alvo principal dos desejos autoritários de silenciar a livre circulação de informações.

E em junho deste ano, nossa categoria sofreu uma dor profunda, uma das mais trágicas materializações do desastre provocado pelo bolsonarismo e por seus cúmplices. As mortes do jornalista Dom Philips e do indigenista Bruno Pereira são consequências diretas das ações e omissões de um governo que investe no caos institucionalizado e na violência como maneira de concretizar seu projeto de barbárie e submissão aos desejos de poucos privilegiados que não têm limites ou pudores em destruir direitos, massacrar a classe trabalhadora e exaurir nossos recursos naturais até o limite.

E é por isso, companheira e companheiro jornalista, que precisamos nos levantar, unir forças e derrotar Bolsonaro. As mortes de Dom e de Bruno não podem ser em vão. Os quase 700 mil brasileiros e brasileiras que não estão mais conosco, por conta da criminosa gestão do governo federal durante a pandemia, não podem ser esquecidos. Nós temos lado e temos voto nestas eleições. Tudo isso vai passar. Tem que passar!

No último dia 11 de agosto, mais uma prova concreta que estamos juntas e juntos nesta tarefa: dezenas de jornalistas se reuniram na sede do Sindicato e saíram em caminhada com uma faixa escrita “Jornalistas Pela Democracia”, rumo ao Largo São Francisco, nos somando a diferentes entidades e à classe trabalhadora, pela defesa da democracia e na luta contra qualquer tipo de pretensão golpista de Bolsonaro. Temos certeza de que a esperança vencerá o ódio.

E por falar em esperança, nossa reportagem principal deste Unidade trata de um feito inédito para nós, jornalistas: nosso Sindicato conseguiu a condenação de Bolsonaro por danos morais coletivos à nossa categoria. Podemos dizer com segurança que o ocupante do Palácio do Planalto é um assediador e um agressor. Enfim, uma vitória que merece ser celebrada e dedicada a todas e todos os profissionais que exercem seu ofício com dignidade, mesmo em tempos tão difíceis. Vale aqui destacar o trabalho do Departamento Jurídico de nosso Sindicato, coordenado pelo dr. Raphael Maia, que para além desta conquista, está à disposição de toda a categoria para prestar assessoria jurídica em qualquer momento.

O Sindicato somos nós

Temos o maior orgulho de nosso Departamento Jurídico, assim como de todas as trabalhadoras e trabalhadores que ajudam a permanente construção de nosso Sindicato. Durante a pandemia, passamos por uma reforma em nossa sede para que os espaços ficassem mais adequados e modernos, sempre à disposição de nossa categoria. Mas a nossa entidade não é um prédio, uma instituição ou muito menos um cargo. O Sindicato somos todos nós, jornalistas, que se reúnem coletivamente para defender nossas pautas e lutar por dignidade, direitos, salários.

Ou seja, para este Sindicato existir, contamos necessariamente com o apoio de cada jornalista do estado de São Paulo. Para isso, a sindicalização é a ferramenta fundamental que dá sentido e garante a continuidade do trabalho de organizar todas as nossas lutas. Além, é claro, de uma questão bem concreta: como demonstra nosso balanço do primeiro semestre de 2022, temos mais despesas do que receitas, e necessitamos conquistar nossa autossustentação financeira.

Por conta disso, desde o final de julho lançamos oficialmente a Campanha de Sindicalização 2022. Temos uma meta ousada, mas que será plenamente factível se somarmos esforços coletivos: até o final deste ano, queremos que mais 500 jornalistas estejam ao nosso lado, com novos sindicalizados e sindicalizadas, além de jornalistas que desejarem voltar a participar de nossa entidade.

Se você está lendo este Unidade, é bem provável que você já seja sindicalizado(a) — afinal, nosso jornal chega às casas de todas e todos que contribuem mensalmente com o Sindicato. Mas seu papel também é fundamental para cumprirmos nosso objetivo de filiar centenas de jornalistas: é hora de colocar para jogo a sua lista de contatos e acionar amigas, amigos, colegas de redações, enfim… Chamar a categoria para a sindicalização!

Nos próximos meses, realizaremos visitas às redações e aos locais de trabalho, organizaremos eventos, atividades presenciais e virtuais e nos colocaremos à disposição de cada jornalista para tirar dúvidas e discutir o papel de nossa entidade. Estamos sempre disponíveis para ouvir a sua sugestão, que pode ser enviada por e-mail para presidencia@sjsp.org.br. Afinal de contas, o Sindicato se constrói entre todas e todos!

Direção do Sindicato dos Jornalistas Profissionais no Estado de São Paulo