SINDICATO SOLIDÁRIO AO POVO PALESTINO

Ato lota auditório do Sindicato e adota manifesto pela ruptura de relações diplomáticas com Israel

O auditório Vladimir Herzog, do Sindicato dos Jornalistas de São Paulo (SJSP), lotou em 27 de fevereiro, no Ato contra o Massacre de Jornalistas Palestinos. Diante das 30 mil mortes de palestinos, naquele momento após 144 dias de bombardeios sobre uma população civil indefesa, e dos mais de cem jornalistas mortos em menos de quatro meses de conflito, a atmosfera do ato foi de grande tensão e emoção, com falas de dirigentes de entidades dos jornalistas e de representantes da comunidade palestina no Brasil.

Além do Sindicato, entre as entidades organizadoras estavam a Fenaj (Federação Nacional dos Jornalistas), a ABI (Associação Brasileira de Imprensa, a CUT (Central Única dos Trabalhadores, o Cebrapaz (Centro Brasileiro de Solidariedade aos Povos e Luta pela Paz) e a Fepal (Federação Árabe Palestina do Brasil).

Na abertura do ato, Thiago Tanji, presidente do Sindicato, reportou os dados da Federação Internacional dos Jornalistas (FIJ), dando conta de que, desde 7 de outubro, haviam sido mortos 4 jornalistas israelenses – enfatizando que essas mortes devem ser repudiadas e lamentadas pela sociedade e pelas entidades de jornalistas –, bem como 3 jornalistas libaneses e mais de 100 jornalistas palestinos (veja na página 8). Tanji explicou que não é possível tratar o que vem ocorrendo na Faixa de Gaza como um conflito entre duas forças bélicas regulares: “Estamos falando aqui de uma sistemática política coordenada por Israel de apagar o povo palestino do mapa, tentando desumanizar as tantas e tantas vítimas de ataques por terra e dos bombardeios israelenses. Como jornalistas, precisamos explicar com clareza para a sociedade que, quando companheiras/os denunciam uma ideologia supremacista sionista – que lamentavelmente embasa a política do Estado de Israel –, não é cor- reto realizar uma associação automática à religião judaica e aos membros desta comunidade.”

Ualid Rabah, presidente da Fepal, destacou que acontece na Faixa de Gaza a maior matança de jornalistas da história das guerras, e que matar jornalistas, em seu modo de ver, significa tentar apagar da face da Terra as testemunhas privilegiadas de um genocídio, para que as provas e indícios dos “crimes de lesa-humanidade” desapareçam.

Ao comentar a perseguição que figuras públicas estão sofrendo no Brasil por de- nunciarem as ações do sionismo, Rabah afirmou: “É o primeiro crime de genocí- dio programado e incitado a partir dos veículos de comunicação, o que ocorreu já em 7 de outubro. Nunca houve – se- não o que foi registrado no continente africano, em Ruanda. E lá, sentaram nos bancos dos réus os grandes veículos de comunicação.”

O presidente do Sindicato, Thiago Tanji, faz a abertura do ato contra o assassinato de jornalistas na Faixa de Gaza. Cadu Bazilevski

“ESTAMOS FALANDO AQUI DE UMA SISTEMÁTICA POLÍTICA COORDENADA POR ISRAEL DE APAGAR O POVO PALESTINO DO MAPA, TENTANDO DESUMANIZAR AS VÍTIMAS DE ATAQUES POR TERRA E POR BOMBARDEIOS”

Soraya Misleh, filha de palestinos e coordenadora da Frente em Defesa do Povo Palestino, afirmou que esse geno- cídio atravessa décadas: “Essa não é uma guerra pontual ou de circunstâncias, não é uma guerra Hamas x Israel, é um genocídio, como parte da tentativa de solução da nova fase da Nakba, a catástrofe, cuja pedra fundamental é a formação do Es- tado racista e colonial de Israel em 1948, mediante uma limpeza étnica planejada.”

Paulo Zocchi, vice-presidente da Fenaj, destacou que, no massacre em curso na Faixa de Gaza, os jornalistas são um alvo específico, que o Estado de Israel persegue. Em seguida, defendeu a declaração do presidente Luiz Inácio Lula da Silva classificando como genocídio os aconteci- mentos na Faixa de Gaza, e disse que, para barrar o prosseguimento do massacre, é preciso dar um passo além: o fim de todos os acordos militares, comerciais e educa- cionais com os israelenses, e a ruptura de relações diplomáticas com Israel, com a intenção de isolar internacionalmente o estado sionista.

Fechando o ato, Breno Altman, jornalista do portal noticioso Opera Mundi, que vem sofrendo ataques e tentativa de censura por parte de organizações sionistas no Brasil, deu destaque à valentia heroica e insurgente do povo palestino. Para Altman, esse processo deve inspirar a todos na luta contra o colonialismo e racismo, que só podem ser derrotados com a luta dos povos.

No encerramento do ato, Tanji leu o Manifesto dos Jornalistas Brasileiros condenando o genocídio na Faixa de Gaza, apresentado pelas entidades organizadoras do evento, e que será direcionado ao governo brasileiro (leia na próxima página).