POSSE FESTIVA E DE LUTA

Por Juliana Almeida

No dia 21 de setembro, ocorreu a cerimônia de posse da nova diretoria do Sindicato dos Jornalistas Profissionais no Estado de São Paulo. A atividade contou com representantes de diversas entidades sindicais, movimentos sociais e políticos, além, é claro, da categoria, que compareceu em peso à sede do SJSP. A Chapa 1 – “Resistir, Lutar e Avançar” foi eleita com 95,88% dos votos válidos, nos dias 7 e 8 de agosto. A nova diretoria assumiu o comando da entidade a partir do dia 23 de agosto de 2024, com término do mandato em agosto de 2027.

A nova gestão assume o mandato em um cenário de desafios para a classe trabalhadora, mas com o compromisso de continuar na linha de frente pela defesa dos direitos dos jornalistas. Como parte das comemorações, foi inaugurado um painel grafitado pelo artista Márcio Sick, que destaca as diferentes atividades jornalísticas, e uma foto panorâmica feita pelo fotojornalista Renatto Souza, que retrata a região central de São Paulo.

Thiago Tanji, jornalista da Editora Globo e reeleito presidente do sindicato, abriu a cerimônia destacando o sucesso das eleições, com participação expressiva de jornalistas e convidados. “Foi uma eleição muito bacana. Conseguimos engajar a categoria com atividades em todas as regionais”, afirmou Thiago. Ele também ressaltou a importância de a posse acontecer no auditório Vladimir Herzog, em homenagem ao jornalista assassinado pela ditadura militar. Para o presidente, o local simboliza a resistência e a luta pela democracia.

Paulo Zocchi, vice-presidente da Federação Nacional dos Jornalistas (Fenaj) e ex-presidente do SJSP, participante de cinco gestões da entidade, lembrou das lutas do sindicato, mesmo diante de adversidades como as reformas trabalhista e previdenciária. “Nós somos o maior sindicato da nossa federação e um dos pilares na defesa do jornalismo no Brasil”, afirmou.

Além disso, Zocchi ressaltou a campanha nacional que busca restabelecer a exigência do diploma de ensino superior para o exercício do jornalismo e a luta contra a precarização da profissão. “Precisamos reverter o desmonte causado pelas reformas e lutar por um jornalismo digno”, disse Paulo. Ele também lembrou do ataque que a federação vem sofrendo do Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade), ao solicitar que a federação e sindicatos retirassem do ar as tabelas de referências de preços para frilas.

Representando o Centro Acadêmico Lupe Cotrim e o DCE Livre da USP, a estudante Sophia Vieira enfatizou os cortes e ataques à comunicação pública realizados pelo governo Tarcísio. “Estamos em um momento crucial de reorganização e renovação, que é sempre importante para a nossa classe”, afirmou Sophia.

Comunicação Pública

Outro ponto levantado foi a greve de três dias realizada pelos trabalhadores da Editora Três, que resultou no pagamento de salários atrasados. A maioria dos jornalistas da empresa são contratados como PJ, ilustrando a precarização das condições de trabalho no setor. Situação semelhante foi citada na TV Cultura, onde mais de 70% dos funcionários também atuam como PJ.

A difícil situação na Rádio e TV Cultura também foi lembrada na posse. Mantida pela Fundação Padre Anchieta, teve diversos programas suspensos e 116 demissões, das quais 96 eram PJs. Na última semana, os sindicatos dos Jornalistas e dos Radialistas estiveram na porta da Fundação para cobrar a diretoria sobre as demissões e o desmonte da grade. Luiza Moraes e Cláudia Tavares, ambas da emissora, afirmaram que a organização dos trabalhadores será fundamental para o fim dos cortes.

Outra mobilização importante foi a dos trabalhadores das praças da Empresa Brasileira de Comunicação (EBC). Com adesão superior a 90%, a paralisação de dois dias impactou o jornalismo de diversos veículos da empresa, como TV Brasil e Rádio Nacional.

A greve foi uma reação à decisão da empresa de atacar a jornada especial da categoria, prevista na CLT desde 1943. Ao elaborar o novo Plano de Cargos, a direção rebaixou os salários da carreira dos jornalistas. Leia sobre a greve dos jornalistas da EBC nas páginas 12 e 13.

Comissão de Ética

Com cinco candidatos para cinco vagas, os jornalistas elegeram a nova Comissão de Ética: Mônica Zarattini, Flavio Carrança, Fábio Venturini, Franklin Valverde e Joel Scala. Flavio, Franklin e Mônica estiveram presentes na cerimônia e destacaram o trabalho da Comissão nesta gestão.

Representantes do Comitê de Jornalistas pela Igualdade Racial (Cojira SP) também estiveram presentes e ressaltaram a importância da luta contra o racismo nos locais de trabalho.

O evento contou ainda com a presença de lideranças sindicais e políticas, como a CUT e a CTB, que saudaram a nova diretoria e reafirmaram o compromisso com as lutas pela revogação das reformas. Daniel Calazans, secretário geral da CUT-SP, destacou a importância do SJSP na luta da classe trabalhadora.

Ao final, o presidente do SJSP, Thiago, reiterou o compromisso do Sindicato com a renovação e a continuidade da luta: “Não temos dúvidas de que a nossa profissão é fundamental para a construção de uma sociedade verdadeiramente democrática, em que vozes diversas possam descrever a realidade. Mesmo que nossa categoria se encontre pulverizada, realizando diferentes atividades ligadas à comunicação, a certeza é que somos todos trabalhadores!”