NINGUÉM É MAIS VÍTIMA DA FAKE NEWS DO QUE O JORNALISMO

Por Juliana Almeida
Larissa Gould
Thiago Tanji

Diante da disseminação em massa de fake news, os pesquisadores Fernanda Sarkis e Marcus Nogueira fizeram um estudo sobre como a milícia digital bolsonarista age nas redes sociais. Fernanda é formada em cinema pela Universidade de Brasília, mestre em comunicação política pela Universidade do Porto (Portugal) e doutoranda em Informação e Comunicação em Plataformas Digitais na mesma universidade. Marcus Nogueira, formado em ciências sociais pela Universidade Estadual Paulista (Unesp), tem experiência em arte e educação em escolas de São Paulo e Brasília.

Durante um período de seis meses, eles investigaram 80 perfis que, interligados, formaram uma rede de informações falsas e massificaram a distribuição desses conteúdos.

A análise dos pesquisadores partiu do perfil de Carlos Bolsonaro, para a identificação dos padrões de comportamento dele e da rede que o cercava. Com base nesse estudo e na identificação de um “ecossistema de desinformação”, a campanha de Lula conseguiu no Tribunal Superior Eleitoral (TSE) 75 decisões judiciais para remover postagens, após ações de checagem de dezenas de links de desinformação durante as eleições.

Esse foi o ponto de partida de Fernanda e Marcus para o estudo: o que é factualmente falso e a verdade factual. O que aconteceu ou não aconteceu.

Existe hoje uma disputa pela verdade dentro do jornalismo. No entanto, in- dependentemente das narrativas, há a verdade factual. O estudo de vocês traz um ecossistema da desinformação que tenta desvirtuar isso. Vocês podem explicar como ele se constitui?

Fernanda Sarkis: Nós desenvolvemos uma metodologia de análise de redes de interesse que atuam em plataformas digitais, o que passa primeiro por identificar quem são as fontes de informação. Nesse caso, fonte de informação midiática. Primeiro, a gente identifica uma controvérsia na rede. Identificado esse território de controvérsia, começamos um processo de identificação de quem são as fontes de informação nesse caso midiático e fazemos a análise de discurso. Fazemos esse trabalho há mais de dois anos para o Partido Socialista português, primeiro uma análise de como estava a discussão em torno do Plano de Recuperação em Resiliência da Pandemia, fundos europeus que vão ser implantados ao longo de cinco anos. Depois desta experiência, começamos a análise da realidade da rede brasileira, partindo de um primeiro ponto que era analisar o comportamento de Carlos Bolsonaro, coordenador das redes sociais do pai, Jair Bolsonaro. Começamos a observar o comportamento de Carlos na rede e fazer a identificação desses padrões, categorizá-los e desenhar o primeiro núcleo desse ecossistema que depois se expandiu. Quando a gente fez o primeiro recorte eram 70 e, quando terminamos a análise, no final do segundo turno, eram quase 200 perfis analisados que estavam nesse núcleo.

Na ação que nós colocamos no TSE, foram 80 perfis, de acordo com critérios suficientes para demonstrar essa atuação coordenada. Quando começamos o exercício de caracterizar o ecossistema, levantamos com os advogados mais de 100 ações de representação de conteúdo. Depois de 75 decisões, amarramos todas essas ações e caracterizamos a existência de um ecossistema de desinformação, composto de milhares de links ao longo desse conjunto de representações, que eram factualmente falsos, porque as agências atestavam dessa forma a partir de um conjunto de critérios.

Marcus Nogueira: É muito importante a ideia de que a gente não pesquisa a pessoa. A gente pesquisa o assunto, pois a disputa de ocupação de espaço é uma questão de agendamento e enquadramento. Todos os dados são coletados e, a partir da análise do discurso, gradativa- mente o tema vai criando contornos em torno daquilo que nos interessa. Assim, conseguimos fazer o que chamamos de cartografia da controvérsia, porque a gente cartografa esse conjunto de personagens de interesses de agenda de enquadramento. E começamos a identificar rotas, tanto de núcleos de produção de conteúdo, quanto de distribuição de conteúdo, e gradativamente esse território começa a ser adensado, conectado com outros territórios, porque os temas nunca estão isolados, uma fake news nunca é uma fake news isolada.

FS: A perseguição aos cristãos, a perseguição à direita, o encarceramento de opositores, toda essa ideia está amarrada nessa grande novela que é o arco narrativo. Como é feita a captação destes dados?

MN: Nosso trabalho é muito artesanal, somos nós mesmos que conseguimos entrar na rede. Usamos Big Data, aplicativos e outras ferramentas, mas pensamos a rede como a floresta amazônica.

FS: Como imagem de satélite, o Big Data é importante, porque você vê um cenário amplo, mas não dá conta nem de explicar o fenômeno, nem de encontrar rotas de resolução do fenômeno. É importante porque te diz: “Olha, isso que você está vendo aqui, num pequeno núcleo de trocas comunitárias, representa um padrão que está espalhado como método num determinado território e ocupa x por cento”. Acompanhando outros pesquisadores que publicaram gráficos de conexões ou outros tipos de análises com Big Data, a gente comprovava o que via no micro nas relações comunitárias, aquelas figuras centrais que a gente identificava. Elas eram de fato responsáveis pela ocupação do espaço e esses personagens ficaram familiarizados. Tem cartografias que estão publicadas há anos com as mesmas pessoas e ninguém nunca identificou: olha, são as mesmas pessoas aqui, organizadas sempre no mesmo padrão de ocupação. Você não mantém padrão de ocupação na rede a não ser que tenha algum tipo de estrutura coordenada, porque ninguém acorda todo dia de manhã inspirado e pensa igual a um monte de gente, vai lá na rede, fala a mesma coisa, numa mesma hora, sempre com as mesmas pessoas.

É IMPORTANTE A CAPACIDADE DA CRIAÇÃO DAS NOVELAS, OS NÚCLEOS COORDENADOS DE PRODUÇÃO DE DESINFORMAÇÃO FUNCIONAM COMO UM GRANDE ECOSSISTEMA DE NOVELA, COM ENREDO E PERSONAGENS

Marcos Nogueira

E como se criam essas narrativas fictícias?

MN: Uma coisa importante é a capacidade da criação das novelas, porque no final das contas você vai observando os núcleos coordenados de produção de desinformação, eles funcionam como um grande ecossistema de novela. Eles têm enredo, têm personagens. É muito interessante como são armadilhas colocadas e que fazem com que toda contrarreação que o governo Lula fizer agora contra fake news, tipo pacote verdade, já entre numa novela narrativa consolidada. Por exemplo, [Flávio] Dino é o “comissário Dino”, entende? Aí já vira o “Ministério da Verdade”, e com isso já entram na guerra cultural deles. Vira uma avalanche comunicacional enorme, que ocupa a rede com muita força.

Um exemplo é que, logo depois das prisões em consequência da tentativa de golpe de 8 de janeiro, eles criaram o Lulac, que era o campo de concentração do governo Lula. Eles fizeram muitas imagens dos ônibus enfileirados e dos vagões de trens, onde entravam os judeus, lembrando Auschwitz. É uma massa que vai produzindo e é uma história que já está contada, são capítulos de uma história, as pessoas que estão envolvidas nesse processo, as pessoas que estão nessas rotas de distribuição, desde os grupos do tiozão do WhatsApp, essas pessoas que estão nesta rota estão envolvidas no enredo, é a metodologia de distribuição de produção de conteúdo de ocupação de rede. Eles não desistem de nenhum tema, não têm uma bola em que eles não vão.

Vocês falaram um pouco dos arcos narrativos e a pesquisa que fizeram mostra que temas como violência e criminalidade, religião e costumes, descredibilização do sistema eleitoral e agenda socioeconômica foram grandes guarda-chuvas. Temas muito caracterizados pela questão da guerra cultural, da qual houve, inclusive, a tentativa do governo Lula de fugir, justamente porque estamos em desvantagem. Como estão esses grandes temas e quais as características nas redes bolsonaristas, dessas milícias bolsonaristas?

FS: O arco narrativo é esse conjunto, esse grande processo que sustenta todas as fake news. Quando a gente começou, identificamos, primeiro, que não tem ocupação de espaço fora da guerra cultural, isso é um ponto que a gente precisa aceitar. Não é só no Brasil. Primeiro, porque você não ocupa espaço sem controvérsia, né? Essa coisa do atrito entre ideias é o que vai gerando ocupação de espaço. É uma ilusão você achar que vai colocar um tema de que ninguém discorda e vai fazer espaço com isso. Não tem disputa política nesse momento que esteja sendo travada para fora da guerra cultural, e esse é o primeiro ponto comum. É aqui, é em Portugal, é na Espanha, na Itália, na Argentina, acho que esse é o primeiro ponto.

Essas redes que nós temos observado, nessa grande rede transnacional que vai formando diferentes ecossistemas, estão dentro dessa questão da guerra cultural, é por aí mesmo, só pegam os temas latentes da guerra cultural, a gente pode pegar dois grandes blocos que são as pautas: pró-vida e pró-família. Elas resumem de uma maneira geral, isso está lá e está aqui.

SE VOCÊ REGULAR AS PLATAFORMAS E NÃO RETIRAR QUEM ESTÁ CAUSANDO A DESINFORMAÇÃO, AS ESTRUTURAS MONTADAS, ORGANIZADAS E COORDENADAS DE DESINFORMAÇÃO VÃO SE ADAPTAR

Fernanda Sarkis

MN: O arco narrativo vai ser identificado por partes. Se eu rompo um elo conectivo, as figuras que têm maior valor de verdade dentro da rede deles não podem pôr a mão em conteúdos que a Justiça derrubou. Todo o conteúdo que a Justiça derrubava era um prejuízo para eles do ponto de vista da construção do arco narrativo. Por exemplo, a ação que proibiu o Brasil Paralelo, que precisa ser olhado com muito cuidado. Quanto de investimento tem lá dentro, qual é a função do Brasil Paralelo? Eles têm uma função absolutamente importante, são os grandes organizadores temáticos da rede da extrema direita brasileira. Eles criam os vídeos, a produção audiovisual que vai ser picada, para ser distribuída afora na rede, têm uma função muito importante de organização de narrativa, dos elos narrativos. São narrativas simples e objetivas, que muitas vezes os progressistas têm até dificuldade de entender pela simplicidade e o primarismo da história. Quem dá a linha para você caminhar é o arco temático, é a construção narrativa, é o agendamento e o enquadramento.

No final da cadeia produtiva da informação deles, eles produzem “conteúdo noticioso”, então desestruturam a epistemologia da construção histórica do jornalista, do jornalismo, percebe? Eles vão destruir o processo sobre qualificação da verdade, por exemplo.

FS: E rompem os critérios de fonte de informação, de legitimidade e credibilidade.

As plataformas também são coniventes com isso, mas como o poder político, poder econômico e possivelmente plataformas e outros agentes vão contribuir para esse ecossistema que não é orgânico?

FS: Primeira coisa: esse poder político é não só do Palácio do Planalto, como também de gabinetes de diversos deputados e senadores. E, nesse caso específico do poder político, é uma zona cinza, porque o deputado está defendendo uma perspectiva dele. Obviamente não pode mentir, mas está nesse campo de uma influência política e partidária. Agora, quando entra na questão econômica, a gente percebe um processo mais complexo. A ideia de que tem alguém que contrata, que fica com todo mundo na lista de pagamento, a gente não vê nada nesse sentido. O que a gente vê é que eles encontraram modelos de desenvolver pequenos empreendimentos que vão sendo pagos pela própria rede. Então, por exemplo, a pessoa tem canal no YouTube, tem canal no TikTok, cria canal no Telegram, vai distribuindo os conteúdos a pequenas comunidades, põe muita coisa no Kwai. O Kwai remunera pequeno produtor de conteúdo, quem vai distribuir alguns canais é monetizado, mas a maioria não é, então a plataforma até monetiza alguns. Nesse processo final a gente tem percebido que, aliás, 2022 é marcado por processos de desmonetização, que são independentes da eleição. O YouTu- be fez uma série de desmonetizações. Uma rede como a Brasil Paralelo claramente tem um dinheiro que vem de fora. De onde vem, eu não sei. Se são empresários que colocam dinheiro, se são cofinanciadores… Só as assinaturas não fecham a conta. Se os caras estão colocando três milhões por mês de publicidade no Facebook, no Twitter, produzindo documentário todo dia, como é que vai fechar essa conta?

Isso para falar o quê? A arquitetura de financiamento da desinformação é muito complexa. Obviamente, as plataformas precisam de regulação, e acho que inclusive elas querem isso. As maiores me dão uma sensação de que querem algum tipo de regulação, porque a situ- ação também está fora de controle para elas. A gente observou por exemplo as medidas tomadas por orientação do TSE. As plataformas seguiram a maior parte delas e muitas coisas foram sendo de fato derrubadas. Nem por causa disso a rede deixou de funcionar, porque a capacidade de adaptação, as contrições que vão sendo geradas na rede, nas plataformas, é muito grande, a rede reorganiza e monta sistemas de distribuição numa velocidade enorme. Mas se você regular as plataformas e não retirar quem está causando a desinformação, as estruturas montadas, organizadas e coordenadas de desinformação, vão se adaptar. Não ia adiantar nada ter um mundo de regulação se a Carla Zambelli continuasse com o perfil dela, o Luciano Hang. Ou se outras figuras continuassem produzindo sistematicamente.

Querer transferir só para a plataforma, como se só a regulação da plataforma fosse acabar com o fenômeno da desinformação, na nossa percepção não dá conta. A regulação é necessária, mas precisa ter critério claro de derrubar conteúdo. O que não pode ser feito na rede? Quais são os limites do que você pode colocar publicamente, levando em conta o impacto de quem coloca, o nível de estrago. Esses critérios precisam ficar claros para todo mundo.

E como isso afeta o jornalismo?

MN: Nós vamos ter que passar pelas conferências outra vez, a gente precisa dar uma atualizada, temos que meter os jornalistas para se reunir de novo para conseguir estabelecer novos parâmetros civilizatórios do ponto de vista da governança na internet, sabe? E a gente perceber a regulação da plataforma no ambiente contextual de governança na internet. E, percebendo as diferentes nuances disso, só para terminar uma coisa, porque há uma hipótese que eu não consigo aceitar: a de que a distribuição de fake news é um bom negócio na plataforma.

FS: Muito do que a gente debate, entre nós, e o que a gente vê, os jornalistas, os sindicatos, deveriam puxar essa conversa da regulação, porque ninguém é mais vítima da falta de regulação do que o jornalismo. O ataque, quando a gente fala que é nos critérios da fonte de informação, está na base, no núcleo central da fake news, da desinformação. Nós estamos falando da matéria-prima do jornalismo, os critérios do jornalismo, não é todo mundo que é jornalista. A pessoa pode dizer “ah, eu sou jornalista”, e não necessariamente tudo o que o jornalista escreve é jornalismo, por- que se isso não for feito, o jornalismo vai morrer. Porque o jornalismo revela algo que não é conhecido pela sociedade, uma verdade que não é conhecida pela sociedade, e esse é o ponto estrutural de toda a batalha.

MN: É a cadeia produtiva do jornalista, na nossa opinião. É a cadeia produtiva do conteúdo que está sendo lesada. FS: O produtor de fake news disputa matéria-prima com o jornalista. E essa noção, essa discussão tem que ser puxada pelo jornalismo. Ninguém é mais vítima da fake news do que o jornalismo. Quem está no grau zero da bomba atômica é o jornalismo, acho que essa é uma percepção que a gente tem muito forte.

E como o jornalismo pode se preparar melhor para esse cenário? Existe alguma perspectiva de melhora para o futuro?

MN: Eu sou otimista, sim, porque a que a única coisa que essa estrutura não suporta é a luz. Eles têm muitos contraditórios, e é especialidade deles esconder os contraditórios deles, explicitando os nossos. Então, tem uma questão fundamental que é a gente, devagar, processualmente, ir dando luz, reportando esse funcionamento. A gente pautando as nossas agências de notícias, os nossos parceiros jorna- listas, construindo o processo, porque não vai ser uma varinha mágica que vai desestruturar. Nós vamos ter que entrar nesse processo também de atualização do nosso hardware, do nosso software. Eu sou muito crente, acredito muito no processo das conferências, pra gente conseguir encontrar juntos os parâmetros para fazer o enquadramento deles.

A gente precisa primeiro olhar para eles, perceber o funcionamento deles com tranquilidade e falar assim: “Isso aqui é uma sacada legal que eu vou usar”. Enfim, o primeiro aspecto é a gente conseguir visualizar. Visualizando, nós somos mais inteligentes que eles, é sério! E a gente os visualiza e vai entender os pontinhos do elo narrativo, a gente explode o elo narrativo deles, coordenadamente o jornalismo assumindo enfrentamento, como ator, sujeito da história. Vamos pôr o carro para rodar para cima deles, por- que eles não resistem.

VAMOS TER QUE PASSAR PELAS CONFERÊNCIAS OUTRA VEZ, REUNIR OS JORNALISTAS PARA ESTABELECER NOVOS PARÂMETROS CIVILIZATÓRIOS DO PONTO DE VISTA DA GOVERNANÇA NA INTERNET

FS: Essa história que o Marcos dizia de colocar luz é um ponto fundamental, porque eles conseguiram gerar um sentimento de surdez. Por defesa, a gente resolveu tampar os ouvidos, bloquear tudo o que vinha de lá. “Vou viver aqui no meu mundo, porque eu não aguento”, e esse foi o efeito fundamental que eles geraram para continuarem existindo, porque não conseguem viver na luz. Eles sabem tudo o que a gente diz, e esse trabalho de observação e de olhar para ele de maneira desmistificada, eles buscam a perpetuação do encantamento do mundo. Tudo o que acontece tem que estar envolto de uma aura encantada, e esse encantamento só sobrevive na sombra, não sobrevive na luz, não sobrevive à realidade. Nós temos que voltar a ouvi-los, e temos que seguir todos eles, a gente tem que ver todos eles, entender como se comunicam, entender os territórios temáticos que eles empreendem, quem está dentro desses territórios temáticos, mergulhar nesse mundo. Eu vou dar um exemplo de dois órgãos de comunicação que fizeram trabalhos fundamentais ao longo da eleição, que são o Estadão e a Agência Pública, porque eles montaram lista de monitoramento, entenderam os territórios temáticos e ficaram em cima. Você pega, por exemplo, matérias desses dois veículos sobre o 7 de setembro, vai ver a quantidade de informação de fontes organizadas que tem ali. Se pegar aquilo e cruzar com que aconteceu no 8 de janeiro, nós temos uma história inteira contada.

Então, esse ponto da surdez, de não saber direito o que eles falam, do nojo, da repulsa, este é o sentimento que eles colocaram na gente e que os protege. A gente tem que parar de ter nojo do Carlos, tem que parar de ter nojo dessas pessoas, temos que olhar para eles como eles são: gente fazendo mentira, contando desinformação e querendo fazer avaliação visual do mundo. Qualquer coisa para fora disso é o que eles esperam que a gente tenha. Ah, tem uma megaestrutura de robô etc. O que a gente viu é o Carlos começar a trabalhar às seis horas da manhã e parar à meia-noite. Então, pode ter esse monte de estrutura, mas tem ali a permanência de uma pessoa que fica o dia inteiro lendo o outro lado, traduzindo para rede dele, é isso que o Carlos fez ao longo desses anos todos. O que eles têm é uma comunicação comunitária digital muito sofisticada. •