por Adriana Franco
A cartunista e conselheira editorial do jornal Unidade, Laerte Coutinho, completou 70 anos em 10 de junho. Na data, recebeu diversas homenagens pela internet, especialmente por ter vencido as complicações da contaminação por covid-19, incluindo a internação na UTI, e lançou um site no qual reúne sua produção de tiras e, segundo ela mesma, é mais para facilitar o próprio acesso do que para divulgação.
Nesta edição, o jornal Unidade, que regularmente é honrado com as contribuições da cartunista – como foi na capa das edições 401 e 405 do novo projeto editorial da publicação e no Traço Livre da edição 407 –, celebra os 70 anos de Laerte trazendo ilustrações que ela fez especialmente para o movimento sindical. Os trabalhos estão disponíveis na obra Ilustrações Sindicais, que tem domínio público e disponibiliza mais de mil desenhos e ilustrações que podem ser usados pelos sindicatos.
Nesta entrevista, Laerte fala não só de seu novo site e do novo livro, o Manual do Minotauro, lançado no período de fechamento desta edição, como aborda sua contribuição histórica para o movimento sindical e a recuperação da covid.
Você lançou um site com suas tiras, no qual publica quase diariamente. Qual é a importância de reunir sua produção em um site e ter seu próprio espaço de divulgação?
Acho que é mais para acesso do que para divulgação. Eu sempre tive uma tendência à bagunça pessoal – e profissional – que me prejudica. O site vem para facilitar meu próprio acesso ao que já andei publicando e desenhando. Deve ter alguma relação com a idade; a gente vai ficando um pouco mais autoavaliativa…
Durante sua carreira, você contribuiu com o movimento sindical. Como isso se dá e qual é a importância de contribuir para entidades sindicais?
Fazia parte do que eu – e as pessoas com as quais procurei pensar a realidade – entendi ser um espaço decisivo para o processo democrático no Brasil. Entendíamos que os sindicatos de trabalhadores, assim como se muniam de serviços de advogados, de profissionais da saúde, também poderiam se beneficiar de assessorias de imprensa e de comunicação, para suas campanhas e sua conexão com as bases.
Enquanto esta edição é fechada, você lança mais um livro, o Manual do Minotauro, que reúne tiras publicadas entre 2004 e 2015. Como você avalia a edição deste novo livro?
Vejo como uma retomada das coletâneas que vinha fazendo, ao longo dos anos – mas que ainda não tinham contemplado essa fase, em que parei de desenhar personagens e de usar roteiros “cômicos”. Nós, que publicamos em periódicos, usamos esse formato de coletânea tanto para visibilizar nossas estruturas de produção quanto para manter as pessoas informadas sobre o que fazemos.
Você completou 70 anos. Como foi festejar após se recuperar da covid-19? Fazer aniversário após uma grande adversidade teve outro significado?
Não festejei, exatamente… não o aniversário, quero dizer. A alta hospitalar depois da covid, sim – me senti tendo escapado de um grande perigo, graças ao apoio, aos cuidados e às providências de um número enorme de amigos, profissionais, pesquisadores, políticos – entendo que é assim que uma sociedade consegue vencer situações dramáticas como essa pandemia. Afastando os negacionistas e mantendo a solidariedade e a visão democrática.