JÚRI DEFINE VENCEDORES DE 2023

Em encontro realizado no auditório do SJSP, júri definiu os melhores trabalhos jornalísticos sobre direitos humanos produzidos no país. A cerimônia de premiação acontecerá no dia 24 de outubro

por Eduardo Viné Boldt

No último dia 10 de outubro, o júri do 45º Prêmio Jornalístico Vladimir Herzog de Anistia e Direitos Humanos se reuniu no auditório do Sindicato dos Jornalistas Profissionais no Estado de São Paulo (SJSP) para escolher os vencedores da edição. A já tradicional reunião ocorreu em encontro aberto ao público e transmitida pelos canais e redes sociais do Prêmio e do Sindicato.

Neste ano, os jurados de primeira e segunda etapa tiveram a responsabilidade de avaliar 630 produções divididas em 7 categorias: Arte, Fotografia, Texto, Vídeo, Áudio, Multimídia e Livro-reportagem. Desse total, 21 trabalhos foram selecionados e levados para que o júri pudesse decidir os vencedores da premiação. Ao final, foram escolhidos 7 trabalhos vencedores em suas respectivas categorias e 3 menções honrosas.

Os jornalistas homenageados nesta edição serão Sônia Bridi, Fernando Morais e Glória Maria (in memoriam). Seus nomes já haviam sido divulgados em setembro. O prêmio reconhece trabalhos jornalísticos que defendem os direitos humanos, a democracia e a cidadania.

A comissão responsável pelo julgamento das obras foi composta por Ana Luisa Zaniboni Gomes, curadora da 45ª edição do prêmio, Thiago Tanji, presidente do SJSP, Mariana Valadares, representante da Associação Brasileira de Imprensa (ABI), Tatiana Farah, pela Associação Brasileira de Jornalismo Investigativo (Abraji), Luiza Buchaul, pela Conectas Direitos Humanos, Rodrigo Ratier, representando a Escola de Comunicações e Artes da Universidade de São Paulo (ECA/USP), Márcia Quintanilha, representante da Federação Nacional dos Jornalistas (Fenaj), Giuliano Galli, pelo Instituto Vladimir Herzog, Cláudio Aparecido da Silva, Elcio Fonseca e Fernanda Pereira, pela Ouvidoria da Polícia do Estado de São Paulo.

Papel do jornalismo

Os anos de negligência do governo bolsonarista ainda se refletem no cotidiano da população do país, deixando marcas visíveis nas produções jornalísticas que concorreram à premiação. A curadora Ana Luisa Zaniboni Gomes contextualiza esse momento e a relação com o Prêmio. “Pela quantidade de material que recebemos, pelas temáticas que pudemos avaliar, eu acho que estamos vivendo essa fase de transição. Se você olhar no acervo do Prêmio, coisas da década de 80, situações calamitosas que a gente via como importantes anos atrás começaram a voltar de uma maneira muito intensa e muito trágica, inclusive. E acho que o Prêmio tem essa capacidade de contar um pouco da história do Brasil a partir do jornalismo”, explica.

O presidente do SJSP, Thiago Tanji, destaca a qualidade dos trabalhos e a importância do exercício qualificado da atividade jornalística. “Os finalistas são exemplos muito bons do jornalismo. A circulação de informações tem papel central, mas para isso a gente precisa ter bons trabalhos, e foi o que aconteceu aqui. Os trabalhos vencedores, assim como os finalistas, tratam de diferentes temas de direitos humanos, desde questões culturais, socioambientais, políticas, históricas, de gênero e raciais. É muito bom a gente poder observar a potência e a qualidade desses trabalhos e premiar dentro de um critério que traz essa diversidade”, destaca.

Júri do 45° Prêmio Jornalístico Vladimir Herzog de Anistia e Direitos Humanos, no auditório do SJSP, durante o debate sobre os ganhadores da edição. Foto: Juliana Almeida.

Márcia Quintanilha foi a representante da Federação Nacional dos Jornalistas nesta edição. Analisando os trabalhos, ela destacou entre os vencedores projetos que discutiram problemas fora do eixo Rio/São Paulo. Márcia ficou particularmente impressionada com trabalhos que discutiram temáticas voltadas para os povos originários e populações que residem longe dos grandes centros. Trabalhos que refletiam mais uma vez a política adotada pelo governo de extrema direita que deixou o poder.

“É muito importante que essa temática chegue para outras regiões do Brasil que não vivem a mesma realidade e entendam que defender os povos indígenas, defender os povos que não têm acesso à qualidade de saúde e educação é muito importante. Que as pessoas percebam que temos um Brasil só, e esse Brasil tem que ser defendido como um todo”, conclui.

Para Ana, o jornalismo apresentado nas matérias enviadas para a premiação tem um componente importante que se destaca aos olhos dos jurados. “Tudo nos remete para a importância do papel do jornalismo. Do jornalismo profissional, do jornalismo que tem lado na verdade. A gente não pode ficar brincando: ‘Ah, não: tem que ouvir os dois lados’. Não! O jornalismo tem lado. E o lado dele é o lado ético! É o lado que dá importância à democracia, enaltece os direitos humanos, enaltece a potência do ser humano. Que é um pouco do que a gente vê nas matérias, principalmente nas finalistas e vencedoras desta edição”, exalta a curadora do prêmio.

Cerimônia aberta

A cerimônia de premiação, aberta à participação do público, ocorrerá no dia 24 de outubro, terça-feira, às 20 horas, no Tucarena, na Rua Bartira, 347, Perdizes, em São Paulo. No mesmo dia e local, das 14 horas às 17h30, haverá a 12ª Roda de Conversa com os vencedores da premiação.

PREMIADOS | 2023

VÍDEO
Vale dos Isolados
Sônia Bridi e equipe
TV Globo/Globoplay

MULTIMÍDIA
Ouro Líquido
Rebeca Borges e equipe
Metrópoles

ARTE
Belicismo & Extremismo: a Política de Militarização do Poder
Vítor Massao
Instituto Update


ÁUDIO
Projeto Querino
Tiago Rogero e equipe
Rádio Novelo

TEXTO
A Cova Rasa do Brasil
Gabriela Mayer
Revista piauí

Menção honrosa
Os Defensores Não Defendidos
Catarina Barbosa e Talita Bedinelli
Sumaúma

FOTOGRAFIA
Mutilados
Márcia Foletto
O Globo

Menção honrosa
As Vítimas da Copa do Mundo do Catar
Yan Boechat
Band Jornalismo

Livro-reportagem
Arrastados
Daniela Arbex
Editora Intrínseca

Menção honrosa
Poder Camuflado – Os Militares e a Política, do Fim da Ditadura à Aliança com Bolsonaro
Fabio Victor Companhia das Letras

HOMENAGEADOS | 2023

Sônia Bridi
Fernando Morais
Glória Maria (in memoriam)