Abril é um mês especial para a categoria. No dia 7, comemoramos o Dia do Jornalista. Uma data para reafirmar que, apesar de todas as dificuldades em nossa profissão, ainda estamos aqui! Seguiremos cumprindo nosso dever de promover a livre circulação de informações de interesse público, na defesa da democracia e de uma sociedade verdadeiramente justa. Para isso, lutamos por salários decentes, avanços concretos em conquistas de direitos e a plena dignidade para realizar nosso ofício em ambientes livres de violência, censura e assédios.
No dia 15 será a vez de festejar o aniversário de 88 anos do nosso Sindicato! E temos muitos motivos para nos encher de orgulho, ao construir uma entidade que permanece firme em seu compromisso de defender nossa categoria, a nossa profissão e as lutas da classe trabalhadora. O Sindicato dos Jornalistas Profissionais no Estado de São Paulo pode ter a honra de afirmar que teve papel fundamental na história de nosso país nas últimas décadas. E mantém seu protagonismo no presente, na permanente tarefa de ser uma referência a favor da democracia e dos direitos humanos.
Somos gratos e admiradores do presidente Audálio Dantas e de sua diretoria, responsáveis por marcar definitivamente nosso Sindicato na história de lutas do povo brasileiro ao denunciar o assassinato de Vladimir Herzog, morto sob tortura por agentes do Estado brasileiro em 25 de outubro de 1975. Foi no nosso auditório que, dois dias após a morte de Vlado, centenas de pessoas se reuniram em assembleia para organizar uma resistência coletiva que culminou no ato realizado na Catedral da Sé no dia 31 de outubro daquele ano, reunindo milhares de pessoas que demonstravam seu repúdio à ditadura militar. O auditório receberia o nome de Vladimir Herzog, sendo um espaço dedicado não apenas a reunir jornalistas, mas sediar atividades em defesa dos direitos humanos e da democracia.
O marco de 50 anos na luta por Justiça ao assassinato de Vladimir Herzog e às centenas de vítimas da ditadura militar no Brasil — responsável por sequestrar, torturar e assassinar outros colegas jornalistas, como relembra o Relatório da Comissão da Verdade dos Jornalistas, publicado por nosso Sindicato em 2017 — contará com uma série de atividades ao longo de 2025, em uma parceria conjunta com a Federação Nacional dos Jornalistas (Fenaj), demais sindicatos de jornalistas no Brasil e organizações do campo jornalístico e de direitos humanos, como o Instituto Vladimir Herzog.
de materiais históricos que relembram o papel de nossa categoria na luta contra a ditadura militar após o assassinato de Herzog. A série especial segue nesta edição com a republicação do manifesto Em Nome da Verdade, lançado em janeiro de 1976 no Unidade e veiculado como material pago no Estado de S. Paulo. O texto que exige a apuração do crime cometido nas dependências do DOI-Codi de São Paulo contou com o abaixo-assinado de mais de 1 mil jornalistas.
Os pedidos por Justiça permanecem sem resposta após quase 50 anos. Os responsáveis pela tortura e assassinato de Herzog seguem impunes, assim como os outros agentes de Estado que cometeram crimes durante os 21 anos da ditadura militar.
Devemos, entretanto, celebrar pequenas vitórias: no dia 18 de março, o governo brasileiro reconheceu Herzog como anistiado político, assegurando reparação econômica vitalícia para Clarice Herzog, viúva do jornalista, que havia conquistado esse direito por meio de uma liminar expedida pela 2ª Vara Federal Cível do Distrito Federal.
Em um momento em que há tanto debate sobre “anistia”, é necessário que esse termo não se esvazie de seu real significado. Ao considerar Vladimir Herzog como anistiado político, o governo brasileiro reconhece que o jornalista foi perseguido, torturado e assassinado pelo Estado por motivações políticas. Um significado bastante distinto dos pedidos por perdão a quem, em uma democracia, protagoniza tentativas explícitas de realizar um golpe.
Por sinal, aqueles que tanto pedem “anistia” a quem tentou cessar o regime democrático de maneira violenta no presente são os mesmos que atacam de maneira covarde profissionais de imprensa: no dia 24 de março, emitimos nota conjunta com a Fenaj e o Sindicato dos Jornalistas Profissionais do Distrito Federal (SJPDF) em solidariedade às jornalistas Gabriela Biló e Thaísa Oliveira, da Folha de S.Paulo. Elas foram alvo de ameaças e calúnias por serem as autoras de matéria que registrava o momento em que Débora dos Santos Rodrigues vandalizou a estátua que representa a Justiça na Praça dos Três Poderes, no dia 8 de janeiro de 2023
PRECISAMOS RESGATAR O REAL SIGNIFICADO DA PALAVRA ANISTIA E NÃO PERMITIR QUE ELA SEJA USADA PARA PARA JUSTIFICAR A IMPUNIDADE DAQUELES QUE ATENTAM CONTRA A DEMOCRACIA
Para os autores desses ataques, as jornalistas seriam “responsáveis” pela prisão de Rodrigues, que foi condenada pelo STF e respondeu judicialmente por crimes como tentativa de abolição violenta do Estado Democrático de Direito e associação criminosa. Além de revelar o desconhecimento sobre o livre exercício profissional e a tarefa jornalística de produzir registros de interesse público, os defensores de uma anistia a quem invadiu e depredou as sedes dos poderes em 8 de janeiro são os mesmos que se calam diante de 16 jornalistas agredidos enquanto realizavam a cobertura do ato promovido pela extrema direita. Por Vladimir Herzog e por todas as vítimas da ditadura militar, exigimos Justiça para os golpistas do passado e do presente!
Candida e Cassiano, presentes!
Em 19 de novembro, fomos surpreendidos com o falecimento do companheiro Cassiano da Silva, jornalista no SBT e que exercia seu primeiro mandato à frente da entidade. Muito querido por seus colegas e amigos, desde o primeiro momento se colocou à disposição para lutar em defesa dos direitos em seu local de trabalho.
No último dia 18 de janeiro, a morte da companheira Candida Vieira foi outro duro baque para a nossa gestão. Com uma história de décadas de lutas no movimento sindical brasileiro, foi novamente eleita em 2024, como diretora de Ação Sindical. Tranquila, prestativa, cuidadosa e respeitosa, era muito querida por toda a equipe de funcionários do Sindicato e de seus companheiros e companheiras de direção. Pela Candida e pelo Cassiano, seguimos em frente, honrando suas vidas e suas lutas! •
Direção do Sindicato dos Jornalistas Profissionais no Estado de São Paulo