por Guilherme Gandolfi
É difícil dizer quando começou o que veio a se tornar o ataque terrorista aos três poderes de 8 de janeiro, mas é indiscutível que passa pelo dia 7 de setembro de 2021, quando, inspirado por Donald Trump, Jair Bolsonaro, no terceiro ano de mandato, convocou seus apoiadores para a rua e discursou contra os poderes Legislativo e Judiciário.
Na cobertura fotográfica de rua, pude observar cenas como selfies com policiais militares da ativa e aposentados, como aqueles da mortífera Rota. Cartazes em inglês e pedindo a ajuda das Forças Armadas, “patriotas” com bandeiras de Israel, EUA e Brasil Império.
Dentre tantos manifestantes pedindo “intervenção militar”, “uso do artigo 142”, ou seja, golpe com outras palavras, um chamou atenção especial.
Nesse dia, pude registrar um homem que parecia fantasiado como uma versão br do golpista mais famoso do Capitólio dos EUA, aquele sem camisa e pintado com as cores de seu país.
Fotos do manifestante em questão rodaram o Brasil e o mundo na época. Prova do golpe anunciado. As comparações voltaram a ser feitas entre os dois personagens, depois dos ataques em Brasília no início do ano.
É impossível falar de bolsonarismo sem falar das agressões à imprensa. De ameaças a quem está com uma câmera, mesmo que vestido de verde e amarelo. Perguntas como “você não é da Foice de São Paulo?” que nós, profissionais da comunicação, vivenciamos, deram o tom do governo Bolsonaro e de seus apoiadores. Ataques estes cujos verdadeiro alvo não são os trabalhadores, mas nossa frágil democracia.
A cobertura na rua é a prova de que tudo foi anunciado e de que nada foi feito para punir militares ou civis, funcionários públicos ou não, que passaram pelo menos dois anos pedindo golpe.
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