Fotojornalismo de Alex Silveira: cor e forma, sombra e luz

Texto: Eduardo Viné Boldt

A violência sofrida por Alex Silveira atingiu em cheio sua atuação como fotógrafo. Após a agressão, ele continuou por um tempo no jornalismo diário, mas decidiu sair. A perda da visão impossibilitou sua plena atuação nas pautas. “Vão estar lá cinco políticos conversando no metrô de São Paulo, como chegou a acontecer. Você vai chegar no meio de 100 pessoas, 200 pessoas e tentar achar o político… Eu não consigo fazer”, conta.

“Eu só enxergo cor e forma, sombra e luz. Eu não enxergo detalhes. Por exemplo, eu só percebo alguma coisa no seu rosto quando percebo o olho piscando”, explica Alex. 

Em pouco tempo ele mudou o seu foco. Abandonou o jornalismo diário e a capital paulista e foi desenvolver trabalhos documentais com temática ambiental. Lutando contra a depressão, o jornalista buscou os povos originários e o Brasil profundo. Foi morar no coração da Amazônia.

Durante os anos que se seguiram ele colaborou com importantes veículos e produções internacionais, como a revista National Geographic, além de realizar trabalhos para empresas e órgãos públicos, como o Ibama, ICMBio e secretarias de governo.

Alex também teve uma passagem pelo Rio de Janeiro, onde desenvolveu outra de suas habilidades, a computação gráfica. Em 2017, resolveu voltar a estudar e se aprofundar no conhecimento da natureza. Hoje reside no Rio Grande do Sul, onde cursa Oceanologia.

Alex nunca parou de fotografar. Atualmente desenvolve um trabalho no registro de aves migratórias, ainda inédito. Continua ativo, evoluindo, focado. “Você vai se adaptando, criando formas, mas é tudo uma questão de adaptação”, registra o fotógrafo.