Entrevista: “O que estamos vivendo é o hell office”

por Adriana Franco, Larissa Gould, Paulo Zocchi, Priscilla Chandretti e Sergio Kalili

RITA LISAUSKAS JÁ FOI QUESTIONADA:
“NÃO SABIA QUE REPÓRTER NÃO PODE
SER MÃE?”. ELA NOS FALA DE LIBERDADE
DE EXPRESSÃO E SOBRE ASPECTOS DAS
MULHERES NA PROFISSÃO / Foto:Fernando Cavalcanti

Rita Lisauskas é uma jornalista que, se­gundo ela, já completou o bingo do jor­nalismo: começou – e atuou por muitos anos – no telejornalismo, já escreveu para portal e para revistas, como Crescer e TPM, e atuou em agência de comuni­cação. Atualmente, faz rádio e escreve para o jornal O Estado de S. Paulo. Há alguns anos, adotou a maternidade como pauta, tanto que escreveu um livro sobre o tema – Mãe sem manual – e tem um blog, mas alerta que o conteúdo não é de maternidade fofinha. “Nada contra com quem faça, mas eu comecei a entender a maternidade como um lugar de luta, de posicionamento.” Em entrevista ao Unidade, com a câmera fechada para não correr o risco de derrubar o filho da aula online, Rita arriscou dizer que o momento atual é de hell office, ao avaliar a realidade vivida por muitas mães durante a pandemia, diante da ausência de redes de apoio, retiradas em virtude do risco de contaminação do novo coronavírus. “Eu acho que o que a gente está vivendo hoje é muito mais cruel para as mães, porque, antes, estávamos sobrecarregadas, mas agora somos responsáveis por quase tudo”, diz. Embora este seja um problema ainda mais difícil de se pensar soluções durante a pandemia, a jornalista defende que “a gente só vai ter condições mais igualitárias de relações de trabalho entre homens e mulheres quando tivermos políticas públicas mesmo, para que a maternidade e a paternidade sejam vistas como tarefas dos homens e das mulheres igualmente”.

Rita, conta um pouco da sua trajetória na profissão.

Eu me formei em jornalismo em 1998 pela PUC-SP. Eu estava fazendo ensino técnico quando descobri que queria fazer jornalismo. Meu primeiro trabalho foi na TV PUC, em 1997. Em 1998, quando me formei, trabalhei no Canal Rural, depois fui para Mato Grosso. Queria ser repórter e era muito difícil ser repórter de tevê em São Paulo. Eu era inexperiente e, em São Paulo, as coisas são muito rápidas, eu era foca. Lembro que meu professor na PUC, na época, o Marco Nascimento, disse: ‘cara, vocês querem ser repórteres, vão pro interior’. Só que eu fui para o in­terior de Mato Grosso. E foi uma escola maravilhosa, porque era uma cidade muito pequena chamada Sinop, no norte de Mato Grosso. E lá era assim: a cidade era um ovo e eu saía com quatro pautas. Uma grampe­ada na outra. Então, se teve um lugar em que eu aprendi a ser repórter de tevê foi lá, porque você faz a primeira [matéria], solta; faz a segunda [matéria], solta; volta e, às vezes, eu voltava, editava e ia apre­sentar o jornal com as minhas matérias. Quando voltei para São Paulo, estava mais madura, já sabia um pouquinho mais de telejornalismo e comecei a trabalhar na RedeTV!. Fiquei um ano como repórter e, quando ia sair, me chamaram para apre­sentar o Leitura Dinâmica. Quando virou diário, eu virei apresentadora e fiquei na RedeTV! por 11 anos. Durante oito anos, apresentei o RedeTV! News, que é o jor­nal principal. Mas eles pararam de pagar salário, eu meti a boca no trombone e me demitiram. Depois que saí da RedeTV!, passei pelo SBT, fui para a Band, saí da Band porque eu tive um convite do Terra, e eu queria muito trabalhar em internet. Depois do Terra, fui para a Record e, nes­se meio tempo, eu comecei a fazer coisa para o Estadão, comecei a ter blog lá. E no Estadão eu faço tudo. Eu completei o bingo do jornalismo, porque apresento, faço rádio, faço impresso, faço podcast, fiz internet. Eu acabei fazendo tudo, e, se inventarem mais algum meio jornalístico, também faço. Não sei qual vai ser, mas também estou topando.

Em determinado momento, você aca­bou falando muito sobre a questão de maternidade e de infância. Como isso se deu?

Quando meu filho nasceu, eu comecei a escrever um blog, em 2010. Uns seis meses depois que eu escrevia, sem muita pretensão, o pessoal da revista TPM me chamou para eu compartilhar conteúdo do blog no site da revista, e daí começou assim: comecei a escrever, começaram a se interessar pelo conteúdo, meu blog foi para a TPM. Daí, o José Roberto de Toledo, meu colega de RedeTV!, fez essa ponte e o Estadão se interessou pelo blog, que saiu da TPM e foi para o Estadão. Na época, já tinha virado uma coisa meio maternidade feminista, não era um conteúdo de ma­ternidade fofinho. Nada contra com quem faça maternidade fofinha, mas eu comecei a entender a maternidade como um lugar de luta, de posicionamento.

O QUE A GENTE ESTÁ VIVENDO AGORA NÃO É HOME OFFICE, PORQUE PARA CONSEGUIR PRODUZIR E CUIDAR DO TEU FILHO, VOCÊ PRECISA DE APOIO, E TODAS AS NOSSAS REDES DE APOIO NOS FORAM TIRADAS

Como você analisa a cobertura jor­nalística na situação política que vi­vemos, em comparação com os seus primeiros anos de profissão?

O que eu vejo de positivo é que, hoje, nós temos muitas iniciativas diferentes além da grande mídia. Antes, a grande mídia era a única que tinha instrumentos para fazer cobertura política e, hoje, a gente já tem outras fontes. Existem coisas muito ruins acontecendo hoje em dia, que são as ameaças aos jornalistas. É uma coisa muito preocupante o repórter escrever uma ma­téria e, depois, aqueles robôs virarem para cima dele, começarem a devassar a vida, ameaçar a família. E isso é muito negativo para a liberdade de imprensa, é uma coisa preocupante que tem escalado nos últimos anos. Então, eu vejo que tem lado bom e lados muito ruins nesse cenário.

Você tocou no tema da violência, então deixa eu perguntar: você, como jorna­lista, já sentiu essa questão da violên­cia, da ameaça, de um segmento social contrariado com a notícia e se dirigin­do diretamente a você, ameaçando, constrangendo? E, se sentiu, qual foi a sua reação e como viveu isso?

A primeira vez que eu senti isso de ma­neira muito forte foi quando eu escrevi uma coluna para o Estadão sobre aquela exposição “Queermuseu”. Eu escrevi um texto falando que pedofilia não era aquilo, que pedofilia era outra coisa e que aquilo era uma exposição de arte. Eu dizia no texto que era apenas um homem nu, e um homem nu não é sinônimo de pedofilia. Eu fiz esse texto e foi uma coisa horrorosa o que aconteceu comigo, porque eu tinha as minhas redes sociais abertas. E começa aquele ataque orquestrado, que não é um ataque ao que você escreveu, não é um debate de ideias. Começaram a falar que eu era pedófila, começaram a entrar nas minhas redes sociais e fazer print do meu filho, começaram a falar que sabiam onde ele estudava, que iam me matar, matar meu filho, foi muito ruim. Eu fechei mi­nha rede, na época, e fiquei assustada. E isso é muito constrangedor. Eles podem debater ideias, mas não podem ir para cima da sua família. Eu acho que alguns colegas, especialmente colegas mulheres, passaram por coisas semelhantes ou até piores, como a Patrícia Campos Mello e até a Vera Magalhães. Eu lembro que comecei a pensar duas vezes antes de es­crever. Chega um momento em que, não é que você vá se calar, mas é uma coisa tão desgastante, emocionalmente, que você não vai mais escrever. É muito ruim por­que de uma forma ou de outra você acaba se autocensurando por causa desse tipo de coisa. Então, quando posto um texto que eu sei que vai vir robô para cima de mim, fecho minhas redes todas. E é como aquela onda batendo, então eu sei que a onda vai bater, mas depois vai passar. Eles não querem dialogar comigo, eles querem ir para o confronto, então eu já fecho. Eu não tenho apego às minhas ideias, você pode me convencer que, em uma coluna, eu tenha falado um monte de bobagens, mas venha me convencer disso, não venha me atacar ou atacar a minha família. E de uns anos para cá eu acho que as coisas estão muito piores.

Você teve, diante da primeira matéria, uma ameaça direta de morte e ame­aça a seu filho. Além de fechar sua rede social você tomou alguma outra medida judicial, legal, fez um boletim de ocorrência? Por que a sua única re­ação foi se fechar e esperar?

Não fiz, mas se fosse hoje eu teria feito. Foi muito desgastante emocionalmente. Porque nunca é uma coisa de uma pessoa só, e você tem que fazer print, tem que ir atrás, então aquilo foi tão inesperado que me retraí. Mas, hoje, vendo o que alguns colegas passaram e até pessoas que entra­ram na Justiça e conseguiram que esse tipo de ameaça fosse punida, eu acho que faria diferente. Eu lembro, por exemplo, que ia buscar meu filho na escola, olhando para o lado, e eu pensava: mas eles não sabem onde meu filho estuda, só meus amigos sabem. Então, eu ia com aquela encanação. Achando que aquilo não era uma ameaça real, mas, ao mesmo tempo, com medo.

Eu coloco isso justamente porque a questão de se autocensurar é uma questão para a categoria toda, e não individual. Então a minha pergunta tem a ver com a ideia de a gente ter, como categoria profissional, uma ma­neira de se portar que coíba esse tipo de violência.

Eu acho, inclusive, que estamos mais maduros em relação a isso, porque era uma coisa nova, a gente nunca tinha pas­sado por isso. A velha guarda passou pela ditadura, mas a gente não passou, então não tínhamos essa realidade de ameaça na profissão como temos hoje. Então, estamos aprendendo a ver isso como uma ameaça à profissão. A gente amadureceu, entendeu que isso não é aceitável e entendeu que isso é método.

Apesar de você ter passado por um momento de autocensura, continua se pronunciando nas redes sociais, aprendeu a lidar com isso, de certa forma, e não deixou de se manifes­tar. Profissionalmente, em alguma das empresas que tenha trabalhado, você chegou a enfrentar algum tipo de problema?

Eu fui demitida da RedeTV! por me posicionar contra o atraso de salário da empresa, então foi um momento pré-ó­dio, mas foi um momento redes sociais também. Eu fiz um post, na semana do Natal de 2011, e a gente estava naquele esquema de plantão, trabalhando dobrado e com três meses de atraso de salário. Eu achava aquilo um absurdo, e vários co­legas estavam passando por dificuldades financeiras ou estavam com o problema de não pagar pensão alimentícia, podiam ser presos. Não falei o nome da empresa, mas obviamente todo mundo sabia, porque eu trabalhava lá, e eles receberam esse meu post e me afastaram. E pagaram o salário de todo mundo no dia seguinte. Em janeiro, eu recebi um telegrama res­cindindo o meu contrato. Eu fui para a Justiça e está na Justiça até hoje. Mas sobre posicionamento político nunca tive problema. Eu trabalho no Estadão há muitos anos, me coloco politicamente, minha posição política é progressista, e nunca tive problema.

A VELHA GUARDA PASSOU PELA DITADURA, MAS A GENTE NÃO PASSOU, NÃO TÍNHAMOS ESSA REALIDADE COMO TEMOS HOJE. ESTAMOS APRENDENDO A VER ISSO COMO UMA AMEAÇA À PROFISSÃO.

A gente discute a questão da jornada e das horas extras do ponto de vista estritamente do salário e do traba­lho, mas você trouxe um debate para o sindicato do quanto as longas jor­nadas de trabalho são incompatíveis com a maternidade, com jornalistas que são mães e começam a ter um ou­tro tipo de responsabilidade. Agora, é um debate pelo qual estamos passan­do por termos muita gente no home office, sem controle de jornada, e está ampliado para a maioria das pessoas. Você pode falar um pouco sobre isso?

Home office é uma coisa de que eu sem­pre gostei muito porque permitia recupe­rar momentos que, quando eu tinha que trabalhar presencialmente, o jornalismo me tirava com o meu filho, que era po­der fazer o café da manhã com ele, poder ajudar na lição de casa. Então, esse home office dos últimos anos sempre foi muito bom para mim. Mas o que a gente está vivendo agora não é home office, já ouvi falar que é hell office.

Porque para conseguir trabalhar, pro­duzir e cuidar do teu filho, você preci­sa de apoio, e todas as nossas redes de apoio foram tiradas. A escola é uma rede de apoio para as mães, principalmente. A pandemia tirou isso da gente. Estou eu e meu marido fazendo as coisas e dividin­do, mas está pesado, e estou trabalhando mais, em horas estendidas, do que jamais trabalhei na minha vida. Você acaba tendo uma jornada estendida e entra em uma bola de neve de não saber os limites. O que a gente está vivendo hoje é muito mais cruel para as mães, porque antes estáva­mos sobrecarregadas, mas agora somos responsáveis por quase tudo.

Eu acredito que só vai haver condições mais igualitárias de relações de trabalho entre homens e mulheres quando tivermos políticas públicas para que a maternidade e a paternidade sejam vistas como tarefas dos homens e das mulheres igualmente. Quando você tem uma licença materni­dade de quatro a seis meses e uma licen­ça paternidade de cinco, quinze ou trinta dias, a mensagem que a sociedade está passando para todo mundo é que a função de cuidar dessa criança é da mulher. A gente só vai ter igualdade, em tempos nor­mais ou em tempos de pandemia, quando homens e mulheres forem enxergados de forma igualitária.

Muitas vezes, quando fui pedir para fixar meu horário na reportagem eu ouvi: ‘mas você não sabia que repórter não pode ser mãe?’ E eu falei: ‘onde está escrito isso?’ Por que alguém pode falar para mim que repórter não pode ser mãe e ninguém nunca chegou para um repór­ter homem e falou uma bobagem dessas? Porque está achando que só eu que tenho que buscar o filho na escola.

Eu acho que a discussão é essa, e só po­deremos ter discussão de políticas públi­cas de novo quando voltarmos para um momento de mínima normalidade, que não é o que a gente está vivendo agora.

Você falou essa frase: “Você sabia que repórter não pode ser mãe?” Isso é um assédio, porque a pessoa precisa ter o horário que pega o filho na saída da escola, por exemplo. Tem um aspecto misógino, e isso transparece.

Exatamente. Porque entrou às 7 da ma­nhã e só quer estar às 17 na escola do filho, não é ao meio-dia.

Quais ações você tem em mente pe­las quais passaria a igualdade de di­reitos e de condições entre homens e mulheres?

Primeiro, eu acho que tinha de ser uma coisa de políticas públicas, de cima para baixo, embora pudesse acontecer de bai­xo para cima se as empresas tomassem atitudes pontuais. Deveria ser uma de­cisão legislativa. Você baixa uma lei, os homens têm que sair e, como é lei, todo mundo tem que cumprir. E começa a ha­ver uma mudança estrutural na sociedade, porque isso veio de cima para baixo e as mudanças vão acontecendo. Quando você faz isso, provoca uma mudança social. É uma mudança que pode acontecer em mi­croambiente, como é o caso de empresas que estejam fazendo isso, mas se acontece de cima para baixo você consegue fazer uma mudança em massa. Por isso eu acho que, muitas vezes, você tem que denun­ciar quando sofre esse tipo de assédio ou de fala como eu passei, mas, se tem uma mudança estrutural, a vida de todo mundo fica mais fácil: é lei! Não fica dando murro em ponto de faca.

Sobre essa questão das diferenças, eu li em um artigo seu recente que, na pandemia, está mais visível a condição das pessoas como mães ou pais. Isso ajuda a dar visibilidade de sua respon­sabilidade em casa não pode virar um fator para as empresas continuarem preferindo contratar pessoas que não tenham essa responsabilidade?

Eu acho que pode acontecer, mas quan­do você começa a fechar e a nichar desse jeito, pode perder muitos talentos. Em um cenário de muita precarização e com muito desemprego, como estamos viven­do agora, isso realmente pode acontecer porque você pode ter a mão de obra que quiser. Quando eu escrevi isso, estava ven­do uma forma de humanizar todo mundo, porque todo mundo que está enfrentando o home office tem que se organizar de um jeito ou de outro e colocar as crianças na rotina. Não tem mais para onde correr: não tem escola para deixar, não tem avô para deixar, então isso deixaria a nossa maternidade e paternidade mais visíveis para o mercado.

E as pessoas continuam produzindo – apesar e com os seus filhos por perto!

Olhando com uns óculos mais humanos, ver o seu chefe como aquele cara que tem dois filhos e fala ‘não posso marcar reu­nião ao meio dia é a hora que eu vou dar almoço para os meus filhos, porque eles têm aula online à uma’, dá um quentinho no coração. Porque o cara botou aquelas crianças na rotina dele para todo mundo ver, provavelmente, porque a mulher dele está trabalhando, porque a escola não está com as crianças, então eu vejo esse copo meio cheio desse lado.

SÓ VAI HAVER CONDIÇÕES MAIS IGUALITÁRIAS QUANDO TIVERMOS POLÍTICAS PÚBLICAS PARA QUE A MATERNIDADE E A PATERNIDADE SEJAM VISTAS COMO TAREFAS DOS HOMENS E DAS MULHERES.

E o que a maternidade contribuiu para o seu lado profissional?

Eu comecei a ver que o trabalho é só uma parte da minha vida. Antes, eu tinha a impressão de que o trabalho ocupava 80% do meu ser. E hoje é uma coisa de que eu gosto muito, me realiza, mas é só o meu trabalho. A minha família é tão ou mais importante do que ele. Então, eu acho que me humanizou mais.

Eu passei por vários perrengues nessa coisa de horário, de trânsito, de ter medo de não chegar e a escola fechar e você não conseguir pegar seu filho. Isso é muito cruel. E aí você chega em casa e ainda tem que fazer o jantar.

No home office (esse lado bom eu já tinha visto), acabou seu trabalho, você consegue mesclar um pouco mais as coisas porque não perde tempo de des­locamento, porque é do escritório para o banheiro, do banheiro para a cozinha. Então, você vê o quanto perdia de tempo, que pode ser usado para sair com o seu filho, por exemplo.

Você acha que temos muitas cole­gas na profissão com disposição e o ímpeto de discutir as condições das mulheres como trabalhadoras, mas também a vida em sociedade?

Eu sinto que está havendo um despertar, uma conscientização. Eu acho que essas problematizações que a gente faz agora, há dez anos eram mais impensáveis. Talvez até pelas redes sociais, essas discussões conseguem se capilarizar mais. As mulhe­res estão percebendo que isso é direito, que a maternidade não precisa competir com o trabalho e você pode ter as duas coisas juntas.

Eu não sei se isso é um despertar meu – de eu estar mais consciente hoje – ou se é um despertar coletivo. Eu tenho a impressão, pelo que ouço, que não se restringe à minha bolha. Não sei se as mulheres estão maduras o suficiente para a gente ter uma discussão e um engajamento coletivo como seria o me­lhor a se fazer para a gente conseguir avançar nessa pauta, mas acho que elas estão mais permeáveis.