Querida leitora e querido leitor: você piscou e já chegamos à metade de nossa gestão no Sindicato! E, neste caso, vale o clichê: tudo que é bom passa rápido. É claro que o significado de “bom” pode ser bastante relativo. Afinal, estamos há um ano e meio lutando todos os dias contra a precarização de nossa profissão, a intransigência dos patrões e os diversos problemas nos locais de trabalho que são relatados quase que diariamente pela categoria. Sem esquecer da violência e ameaças que enfrentamos simplesmente pelo fato de sermos jornalistas — hostilidade incentivada pelo ex-ocupante da cadeira presidencial (e agora, turista nos Estados Unidos), que nos enxergava como inimigos. E, também não custa relembrar: realizamos este trabalho sindical em condições materiais bem difíceis, com poucas diretoras e diretores liberados para o trabalho em tempo integral e enfrentando constantes ataques das empresas à nossa liberdade de organização.
Diante disso, é bem capaz de você estar pensando: mas então, o que raios aconteceu de bom nesses últimos 18 meses? Por incrível que pareça, temos muito mais a comemorar do que a lamentar. Afinal, são nas batalhas mais duras que nos movimentamos adiante e tiramos aprendizados essenciais. Diante das dificuldades, ficamos cada vez mais unidos e conscientes de que somos uma categoria, formada por trabalhadoras e trabalhado- res, que precisa lutar todos os dias por salários, direitos e dignidade.
Desde que esta Diretoria assumiu seu mandato, em agosto de 2021, conseguimos organizar importantes lutas nos locais de trabalho, desenvolver mobilizações nas campanhas salariais, ampliar a participação das e dos colegas em nossas assembleias, realizar uma paralisação histórica no segmento de Jornais e Revistas da Capital e ainda resistir ao governo Bolsonaro e derrotá-lo — nas urnas e também na Justiça, com a inédita decisão da condenação do ex-presidente por danos morais coletivos à nossa categoria, em ação iniciada por este Sindicato em 2020. Temos bastante tranquilidade em afirmar, portanto, que a luta valeu a pena nesses últimos meses. Mas, como está escrito no título deste Editorial, estamos apenas no meio do caminho.
Temos muito trabalho pela frente para ampliar nossas mobilizações, aprofundar a organização de nossa categoria, melhorar nosso contato com jornalistas que não estão nas redações e contribuir para a construção de um projeto de comunicação democrática e popular para o nosso país, com a valorização do jornalismo e de todas e todos os profissionais de imprensa.
Neste sentido, é importante destacar que nos primeiros meses de 2023 o novo governo se dispôs a conversar com as entidades jornalísticas e acolher nossas pautas de reivindicações — tema que foi reportagem de capa da última edição do Unidade. A Federação Nacional dos Jornalistas (Fenaj) manteve reuniões com a Secretaria de Comunicação Social (Secom) do governo federal para apresentar questões históricas de nossa categoria, como a aprovação da PEC do Diploma e a atualização da regulamentação profissional. A Fenaj também realizou encontros com o Ministério da Justiça, para garantir a segurança das e dos jornalistas no exercício de sua profissão. Por fim, o Sindicato e a Fenaj tiveram reuniões com a nova direção da Empresa Brasil de Comunicação (EBC), a fim de retomar as negociações para a assinatura do Acordo Coletivo e cessar as políticas antissindicais dos últimos anos, que cassaram a liberação sindical de dirigentes das diferentes praças da empresa, incluindo o companheiro Eduardo Viné Boldt, de São Paulo.
É claro que toda essa nova conjuntura é promissora para a nossa categoria e, sem dúvida, apresenta horizontes importantes para a reconstrução de nosso país após seis anos de incontáveis retrocessos. Mas, como sabemos bem, o atendimento dessas reivindicações não virá de mão beijada: é preciso muita luta para que as e os jornalistas resgatem seus direitos e tenham perspectivas concretas de dignidade para a nossa profissão. E, de preferência, com um Ministério das Comunicações que de fato se preocupe com a verdadeira democratização da informação em nosso país…
ESTAMOS HÁ UM ANO E MEIO LUTANDO CONTRA A PRECARIZAÇÃO DE NOSSA PROFISSÃO, A INTRANSIGÊNCIA DOS PATRÕES E OS PROBLEMAS NOS LOCAIS DE TRABALHO QUE SÃO RELATADOS PELA CATEGORIA
Vamos construir nossa Biblioteca!
Antes de contar uma novidade, uma perguntinha básica (e sem recorrer ao Google Maps): você já visitou a sede de nosso Sindicato, ou sequer sabe onde ele está localizado? Desde que reabrimos o nosso espaço físico em abril de 2022, após dois anos de fechamento forçado por conta da pandemia, notamos que a movimentação de jornalistas em nossa sede caiu muito em relação ao período pré-pandêmico. Um sinal dos tempos, com a adaptação de nossa equipe para prestar serviços à categoria de maneira virtual, com a necessidade cada vez menor de resolver problemas ou tirar dúvidas de maneira presencial.
Mas isso não é desculpa para que as e os jornalistas de São Paulo deixem de ocupar um espaço que é nosso por direito! E uma ótima maneira de você realizar uma visita à nossa sede (e curtir as novidades da Vila Buarque, o novo bairro da moda da cidade) será com a inauguração de nossa biblioteca, instalada no Auditório Vladimir Herzog e que tem como objetivo reunir obras escritas pela nossa categoria. O espaço já tem data de inauguração: será no dia 13 de abril, como parte das comemorações dos 86 anos de nossa entidade.
Se você já publicou algum livro, que tal a visitar o Sindicato e doar um exemplar para que colegas jornalistas possam ter acesso à obra? E, caso tenha indicações de autores, é só entrar em contato conosco. Como dissemos no início deste Editorial, nossas condições materiais ainda não permitem construir a mais badalada biblioteca do mundo. Mas sua inauguração já é um marco muito importante para que nosso Sindicato continue a cumprir sua missão de representar a categoria e manter viva as nossas memórias. Afinal de contas, nós, jornalistas, também somos observadores privilegiados da História.
• Direção do Sindicato dos Jornalistas Profissionais no Estado de São Paulo