O professor da Universidade de São Paulo (USP) foi reconhecido como um dos jornalistas negros mais admirados do Brasil.
por Fábio Soares
Dennis de Oliveira recebeu no dia 11 de novembro, no Itaú Cultural, homenagem especial do Prêmio +Admirados Jornalistas Negros e Negras da Imprensa Brasileira. O título reconhece o profissional como referência no jornalismo brasileiro, pela trajetória de luta e dedicação por representatividade racial na mídia, mas também pela defesa da ética no exercício da profissão.
Dennis tem uma longa trajetória acadêmica, com 34 anos de experiência no ensino de jornalismo, iniciada na Universidade Metodista de Piracicaba. Durante seu tempo nessa instituição, ele foi fundamental para a construção do curso e a criação de projetos pedagógicos. Em 2003, Dennis se juntou à USP, onde realiza projetos de jornalismo comunitário e coordena o Centro de Estudos Latino-Americanos sobre Comunicação e Cultura (Celacc). “Fiquei muito lisonjeado com a premiação porque coroa a minha preocupação em discutir mídia e racismo’, declarou, acrescentando que percebe uma tendência da mídia hegemônica em tratar o racismo meramente na dimensão do comportamento. “Embora tenha havido um aumento na presença negra na mídia, não significa necessariamente uma mudança significativa na agenda antirracista dos meios de comunicação de massa. Isso não se traduz em uma mudança na forma como o racismo é tratado. Os meus estudos têm demonstrado isso”, ressalta.
Para Dennis, é importante que se faça uma reflexão para saber como profissionais negras e negros do jornalismo devem participar dos espaços nos meios de comunicação. “Eu entendo que um debate que é muito atual, muito necessário para nós, negros e negras, é que os espaços que se abrem na mídia, nos espaços institucionais de poder, nos espaços empresariais, têm que ser ocupados”, afirma.
Além do Troféu Luiz Gama, Dennis também foi premiado pela Associação Brasileira de Ensino de Jornalismo (ABEJ) como Personalidade destaque no ensino de jornalismo brasileiro de 2023, pelas contribuições ao ensino do jornalismo e à luta antirracista. “É o reconhecimento desse meu engajamento na pesquisa, na docência. Acho que, muitas vezes, na universidade pública, a docência e a graduação são muito pouco valorizadas”, diz.
Em ambas as premiações, Dennis dedica seu reconhecimento aos colegas e amigos que compartilham sua luta. “Elas são fruto de um trabalho coletivo. Como diz a filosofia Ubuntu, ‘eu sou porque nós somos’”, concluiu, ressaltando a importância de não esquecer os ancestrais e de lutar por uma sociedade mais justa.