Cinco colegas se colocam à disposição da categoria para zelar por direitos fundamentais do cidadão: o de informar, o de ser informado e o de ter acesso à informação
Nos dias 3 e 4 de agosto, além de eleger a próxima diretoria do Sindicato dos Jornalistas Profissionais no Estado de São Paulo, os filiados vão decidir a composição da Comissão de Ética que atuará pelos próximos três anos.
A função estatutária dessa Comissão é a de zelar pelo cumprimento do Código de Ética dos Jornalistas Brasileiros, o qual foi debatido, construído e decidido pelos próprios profissionais, em Congresso Nacional dos Jornalistas organizado pela Fenaj. A Comissão faz isso por meio de apuração, apreciação e julgamento de denúncias de transgressões a este Código ocorridas no estado de São Paulo, que podem ser apresentadas por escrito por qualquer pessoa física ou jurídica, mediante identificação. A Comissão pode também assumir a tarefa política de patrocinar debates na nossa categoria sobre, por exemplo, como as condições de trabalho impactam a garantia da ética profissional, a atualidade dos artigos definidos no Código, e outros assuntos.
A Comissão de Ética do Sindicato do Jornalistas é composta por cinco associados e funciona de forma autônoma, não estando subordinada a qualquer instância da entidade, com exceção da Assembleia Geral. Na eleição, o filiado vota nos candidatos individualmente, podendo escolher até cinco nomes. Conheça abaixo cada um dos jornalistas que se inscreveram para a Comissão de Ética. Os textos são de responsabilidade dos próprios candidatos.
ELIANE GONÇALVES
Em 1997, tive uma breve passagem pela Veja. Recém-formada, aprendi que pautas que não interessavam ao dono – como a emenda da reeleição à época – não eram pautas, e que na cobertura de direitos nem sempre o contexto vinha dos fatos. Foram alguns anos para nomear tais interdições como censura e, quando o fiz, assumi a bandeira da democratização da comunicação. Entrei na EBC, na tentativa de colaborar com um projeto de comunicação pública sob controle social, com autonomia dos poderes políticos e econômicos. Mas, em 2016, testemunhamos um momento de fratura na curta democracia brasileira para o qual contribuiu o mesmo tipo de interdição que vi décadas antes. É urgente para a Comissão de Ética se debruçar sobre nosso dever de combater a censura, lutar pela liberdade de expressão e pensamento, defender o estado democrático e os direitos e garantias individuais.
FÁBIO VENTURINI
Jornalista formado pela Universidade São Judas (1998), doutor em História pela PUC-SP, hoje sou professor da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp) e presidente da Associação dos Docentes (Adunifesp). Candidatei-me para a Comissão de Ética Jornalística porque esse ponto tem sido um dos mais sensíveis de nossa carreira. Depois de dilapidar o jornalismo na questão trabalhista, os empresários controlaram os critérios éticos com códigos corporativos e empresariais. Nas eleições de 2018, por exemplo, os patrões deliberadamente sonegaram informação sobre quem é Bolsonaro para que os fatos e a verdade não beneficiassem Haddad, com uma censura voluntária controlada pela chance do desemprego. Hoje, discutir ética jornalística é também colocar no centro do debate a cláusula de consciência como pilar de condições dignas de trabalho.
FRANKLIN VALVERDE
Jornalista, escritor e professor universitário, é graduado em Jornalismo pela PUC-SP, tem mestrado em Literatura Hispano-americana pela FFLCH-USP e doutorado em Ciências da Comunicação pela ECA-USP. Trabalhou no Estadão, Folha, Abril e Ed. Globo, foi editor das revistas Churrasco & Churrascarias, Viva Gourmet e K – Jornal de Crítica. Teve programas radiofônicos nas emissoras Brasil 2000 FM, Cultura FM e Trianon AM e foi apresentador no Canal Universitário. Atualmente é co-apresentador do programa Brasil Cidadão na Brasil Atual FM e professor-visitante na Unifesp, no Departamento de Comunicação Institucional. Foi diretor do Sindicato dos Jornalistas (2003-09) e é o atual presidente da Comissão de Ética estadual, na qual tem o compromisso e o trabalho de combate às fake news, além da defesa da livre manifestação do pensamento das/dos jornalistas.
JOEL SCALA
É diretor do Observatório do Terceiro Setor (o Observatório do Terceiro Setor é uma agência brasileira de conteúdo multimídia com foco nas temáticas sociais e nos direitos humanos. Reúne plataformas de TV, de rádio e digitais para divulgar as boas práticas das organizações da sociedade civil), – e atualmente faz parte da Comissão de Ética do Sindicatos do Jornalistas de São Paulo.
Com quarenta anos de carreira e especialização em Marketing Institucional, ele foi repórter das rádios Globo e Capital (SP), das TVs Tupi (SP), Bandeirantes (SP) e Capital (DF); apresentador dos programas Perspectiva, na rádio USP FM (SP), e Falando em Saúde, na Alltv. Também foi chefe de redação da TV Gazeta (SP) e editor de texto da TV Record (SP).
RODRIGO RATIER
Integrante da Comissão de Ética no triênio 2018-2021, é candidato a um novo mandato. Jornalista com 23 anos de carreira, doutor em Educação pela USP com período sanduíche na Université Lumière Lyon 2, na França. É professor do curso de jornalismo na Faculdade Cásper Líbero, onde supervisiona a revista laboratório digital Esquinas e atua como vice-coordenador da graduação.
É colunista de educação do UOL, coordenador do blog Entendendo Bolsonaro (também do UOL) e idealizador e gestor do curso online contra notícias falsas Vaza, Falsiane, vencedor do 35º Prêmio de Direitos Humanos em Jornalismo da OAB/RS, em 2018. Foi repórter na revista Galileu, atuou como editor nas revistas Mundo Estranho e Superinteressante e editor-executivo em Nova Escola (impressa e site). Foi indicado ou vencedor em 27 prêmios jornalísticos, incluindo Prêmio Esso, Prêmio Vladimir Herzog e Prêmio Malofiej.