Como fizemos uma paralisação histórica

Ilustração Laerte

Assembleias com centenas de jornalistas tornaram a categoria protagonista do movimento, dando força e confiança a todos e conduzindo a campanha a uma vitória

por Paulo Zocchi e Thiago Tanji

“Jornalista não se vê como trabalhador.” “Falar em greve é algo impensável.” “Há quanto tempo não há uma mobilização massiva da categoria?” Por muitos anos, tais impressões eram recorrentes quan­do o Sindicato realizava as discussões das campanhas salariais — que são, basica­mente, o “coração” da atividade sindical e o momento de maior contato entre tra­balhadoras e trabalhadores e sua entidade de representação.

Mas em 2021 a coisa mudou de figura. E nossa categoria decidiu fazer história: jornalistas de jornais e revistas da capi­tal paulista fizeram uma paralisação de duas horas, das 16 às 18 horas, em 10 de novembro de 2021, mesmo com mais de 90% dos profissionais em home office. A mobilização envolveu todas as grandes redações – Folha de S.Paulo, O Estado de S. Paulo, Valor Econômico, sucursal de O Globo – e as editoras Globo e Abril.

As empresas sentiram o golpe! A data­-base da categoria é 1º de junho. Mas por mais de cinco meses, até a antevéspera da paralisação (8 de novembro!!), as empresas insistiam em propor 5% de reajuste sala­rial (inflação de 8,9%). No dia 8, quando já estava claro que teríamos uma paralisa­ção importante, o patronato começou a se mexer. De 8 a 25 de novembro, andamos ao ponto de fechar a campanha com 8,9% de reposição para salários até R$ 10 mil e a multa da PLR com correção (veja os detalhes na linha do tempo). A paralisação realizada e a nova – que estava marcada para 25 de novembro – foram decisivas para o desfecho vitorioso da campanha salarial 2021.

Como dizemos sempre, por melhores que sejam os argumen­tos em mesa de negociação, o que decide mesmo é a pressão organizada dos jornalistas nos locais de trabalho. E centenas de jornalistas vivenciaram isso de forma direta.

Por que “histórica”?

É fato que os jornalistas de São Paulo realizaram, nos últimos anos, paralisações e greves, algumas heroicas – como a greve espontânea 36 horas no R7, em 2017, e a greve de 8 meses dos jornalistas do Correio Popular de Campinas, em 2018. Mas, neste caso, a paralisação de 2021 se deu no decorrer de uma campanha salarial, envolvendo todas as empresas atingidas pelas negocia­ções. Entre os jornalistas de São Paulo, uma paralisação ou greve com essas características não ocorria há décadas.

A paralisação também chamou a atenção muito além de nos­so quintal pelo fato de a categoria estar quase 100% em home office. Não por acaso, na mais recente plenária da CUT, ocor­rida em outubro último, uma das principais discussões foi a de como organizar a luta sindical com categorias em teletrabalho. Poucas semanas depois, nossa categoria avançou algumas respostas bem sucedidas. Quais foram seus principais pontos?

• a utilização de ferramentas virtuais pelo Sindicato, sobretudo a criação de grupos no WhatsApp, para estabelecer um canal informativo e organizado com a categoria ( já há alguns anos);

• aproveitar o Google Meet e outros ambientes virtuais para realizar reuniões e assembleias (cada vez mais massivas), dando à categoria protagonismo nos debates e nas decisões;

• lançar mão das redes sociais para reforçar a pressão sobre as empresas e a ampliação do apoio à paralisação.

Veio de longe…

A organização e a confiança que levaram à paralisação não aconteceram de um dia para o outro. Há 5 ou 6 anos, a diretoria do Sindicato organizou grupos de WhatsApp por redação, aber­tos a todos os jornalistas, para servir exclusivamente de canal de comunicação de assuntos sindicais, ou para que a categoria comunicasse de forma ágil a ocorrência de problemas nos locais de trabalho, tirasse dúvidas, pedisse ajuda ou fizesse críticas. Com erros e acertos, fomos todos aprendendo a lidar com esse canal, do qual participam centenas de pessoas.

A emergência da pandemia em março de 2020 colocou a ca­tegoria em home office, sobretudo no segmento de jornais e revistas. Uma MP de Jair Bolsonaro, edi­tada no início de abril de 2020, deu às empresas os meios de impor uma redução salarial de 25% sem negociação coletiva. Mesmo com os jornalistas fazendo das tripas coração para manter a atividade mais necessária do que nunca – quando a sociedade buscava de forma incessante informações confiáveis sobre a covid-19 e os meios de se proteger –, Folha, Estadão, editoras Globo e Abril aproveitaram-se da “oportunidade” para enviar aos jornalis­tas, um por um, documentos formalizando a redução salarial.

Muito rapidamente o Sindicato foi ca­paz de aprender a organizar assembleias remotas, com dezenas e centenas de jor­nalistas. A resistência conseguiu encorpar e agrupar os profissionais das principais redações, obtendo, inicialmente, uma pro­eza: a organização de um amplo boicote dos profissionais ao documento enviado por e-mail, obrigando a empresa a realizar uma negociação coletiva com o Sindica­to (com cada decisão sendo tomada por grandes assembleias).

As empresas tentaram a via de uma Con­venção Coletiva (acordo sindical de efeito geral para todas as empresas) prevendo a redução salarial, combatida pela direção do Sindicato e rejeitada de forma unânime por uma assembleia em quatro sessões, em 15 de abril de 2020, que reuniu no total mais de 350 profissionais!

“A mobilização deixou um legado”

O depoimento de jornalista que participou da paralisação

O movimento do ano passado pela reposição dos salários com base na inflação do período entre junho de 2020 e maio de 2021 marcou o reencon­tro das grandes redações com o Sindicato. Nesses tempos de home office, a ideia de uma paralisação ganhou força e adesão nos grupos de WhatsApp dos veículos, no momento em que a maioria das empresas enfrenta um processo acelerado de pre­carização.

O temor de represálias que sempre pairou sobre os jornalistas em relação ao movimento sindical dissipou-se diante das assembleias cada vez maio­res, com até 300 pessoas da Folha, Estadão, Valor e O Globo, entre outros. Os jornalistas mais jovens deram exemplo aos veteranos ao assumirem a linha de frente.

O Sindicato ajudou a encontrar um ponto de equi­líbrio entre os colegas que temiam sofrer retalia­ções, e estabeleceu uma fórmula bem sucedida de articulação, na qual a força da categoria ficou evidente. A proposta de paralisação parecia ousa­da e radical no início, mas ganhou força graças à resiliência de colegas que se revelaram lideranças e encorajaram a categoria.

Cada um à sua maneira mandou o recado da unidade nas redes sociais. A formulação de hashta­gs unificadas – o tuitaço – deu visibilidade às reivin­dicações e atraiu apoios importantes na sociedade.

A mobilização deixou um legado e mudou o pa­tamar da relação com o comando das redações. A resistência de muitos em se sindicalizar arrefeceu. O desafio em 2022 é ampliar a relação orgânica do Sindicato com as grandes redações e, quando possível, promover grandes eventos e mobilizações que vão além da pauta salarial.

Os executivos dos grandes veículos precisam saber que as bases perderam o medo e estão co­nectadas com as lideranças que sentam à mesa nos momentos de negociar direitos e valores.

Na continuidade, a mobilização da ca­tegoria conseguiu impor que, no Estadão primeiro, na Folha, depois, houvesse a as­sinatura de acordos coletivos. Mesmo sem força para impedir a redução de salários, os acordos fixaram controle da jornada reduzida e pontos para disciplinar o home office, incluindo contrapartida financeira. Na Editora Globo, houve um importante movimento com outros Estados; não se chegou ao acordo, mas a editora incor­porou pontos levantados pela categoria. Na virada para 2021, retomando-se com atraso a campanha de 2020, com grandes assembleias, a categoria conseguiu a re­posição da inflação de 2%. Mas a negati­va das empresas de acordar o retroativo à data-base (1º de junho) deixou um gosto amargo e uma indignação que emergiu, me­ses depois, na campanha salarial seguinte.

Indignação e mobilização

Em junho de 2021, as negociações entre o Sindicato dos Jornalistas e os represen­tantes das empresas (agrupados no Sind­jore, Sindicato dos Jornais e Revistas de São Paulo) começaram de maneira pouco animadora. Frente a uma inflação de 8,9% registrada pelo INPC – o índice nacio­nal de preços no consumidor, medido pelo IBGE –, os patrões acenaram com um reajuste fixo de R$ 101! Além disso, também retiravam da Convenção Coletiva a cláusula que estipula uma multa para empresas que não contam com um pro­grama de PLR (Participação de Lucros e Resultados). À época, o valor dessa multa era de R$ 791,90, a favor de cada jornalista.

Logo nas primeiras assembleias, o senti­mento coletivo era de grande indignação. Afinal, a categoria sabia bem que as empre­sas do segmento passaram por apertos na pandemia, mas conseguiram tocar seus ne­gócios com relativa tranquilidade e retor­nos financeiros, e isso graças a um enorme esforço da categoria. Após as incertezas iniciais de 2020, o mercado publicitário voltou a apostar em parcerias e projetos com jornais e editoras – especialmente no meio digital –, e os resultados positivos eram celebrados em e-mails corporati­vos divulgados internamente. No caso do Estadão, uma consultoria interna registrou o lucro da empresa mesmo em 2020 (em parte pela redução dos salários)!

Para piorar, os veículos vinham prati­cando demissões de maneira sistemática, sobretudo para os salários mais altos, re­sultando em crescente acúmulo de traba­lho e precarização de todas as maneiras imagináveis – incluindo dificuldades ma­teriais para realizar as pautas, por conta de seguidos cortes no orçamento.

A cereja do bolo disso tudo, entretanto, tem relação direta com o desastre econô­mico promovido por Paulo Guedes e Jair Bolsonaro: nos meses anteriores, a vida tinha ficado cada vez pior e mais cara, com aumentos nos preços de alimentos, combustíveis e serviços essenciais (aluguel, mensalidades escolares, planos de saúde). Enfim, a inflação oficial de 8,9% era sentida com ainda mais intensidade para as faixas salariais que compõem a nossa categoria, e a conta simplesmente não fechava: como era possível trabalhar mais, em condições piores, e ver o salário real encolher?

Sem mostrar sinais de avanço, as empre­sas marcavam reuniões a longos intervalos de tempo, deixando a negociação se esten­der por meses. Mas a cada proposta (ruim) que chegava à categoria, as assembleias to­mavam mais corpo, a indignação crescia e a palavra “paralisação” começou a ganhar força. A direção do Sindicato afirmava aos colegas que não seria fácil organizar uma paralisação em trabalho remoto, mas que era possível, e se houvesse uma grande ade­são entre jornalistas de todas as redações, seria viável concretizar um movimento am­plo e vitorioso. E foi assim que aconteceu!

Não tem recuo!

Para esquentar a campanha, o Sindicato dos Jornalistas (SJSP) promoveu ao longo dos meses ações nas redes sociais e atos na porta das empresas — como no caso da Fo­lha, no final de setembro. Mas a diretoria sabia que o jogo duro dos patrões só seria revertido com a categoria entrando em cam­po. Após o envio de cartas de protesto às empresas e um texto redigido por jornalistas da Editora Globo à direção (que aparentava ser a mais resistente ao avanço das nego­ciações), a discussão sobre uma paralisação já não estava mais no terreno da possibili­dade. Em 29 de outubro, uma assembleia com mais de 200 jornalistas contou com momentos emocionantes. Jornalistas resga­tavam as grandes greves do início dos anos 1980, como as realizadas pelos metalúrgicos em São Bernardo do Campo, para reforçar que somente a luta concreta era capaz de mudar a vida. E nós, como trabalhadoras e trabalhadores, deveríamos tomar a decisão de que estávamos unidos, fortes e dispostos a cruzar os braços.

Em um momento da assembleia, um profissional desabafou, meio em tom de brincadeira, meio falando sério. “O patrão faz minha vida ruim em 364 dias do ano. Por que a gente não pode dar uma dor de cabeça para ele em um diazinho sequer?” E foi com esse espírito que se aprovou a paralisação de duas horas para o dia 10 de novembro.

Pode parecer pouco tempo e quase simbólico. Sim, os jornais circularam no dia seguinte, as notícias nos sites foram atualiza­das após o fim da mobilização, às 18 horas. Mas estava evidente que as empresas não esperavam uma participação tão ampla da categoria. Agrupados em uma sala do Google Meet, jornalistas paralisados começaram a ingressar no “piquete virtual” pon­tualmente às 16 horas. E as solicitações de entrada na sala não paravam de chegar.

Para garantir a segurança dos profissionais, o SJSP solicitou que quem desejasse ingressar no link do Google Meet enviasse uma mensagem prévia ao nosso secretário de Comunicação, Eduardo Viné. Ele começou a realizar esse trabalho de checagem e aprovação por volta das 15h30 e não concluiu antes das 16h30! A participação foi tão grande que mostrou-se necessário abrir mais uma sala virtual, já que havíamos ultrapassado o limite máximo de integrantes no serviço do Google.

Ao observar que colegas de todas as redações estavam pre­sentes, o conjunto ganhava mais confiança e a certeza de que fazíamos um movimento amplo e unitário. Ao final do dia, o SJSP apurou que todas as empresas sofreram o impacto da mobilização — em algumas redações, mais de 90% dos jornalistas aderiram ao movimento, incluindo editores e chefes de diferentes áreas.

Aplausos no final

Os patrões sentiram o baque. Em 8 de novembro, antevéspera da paralisação, a proposta de chegar à reposição pela inflação apareceu pela primeira vez na mesa. Mas tal reajuste seria só para salários até R$ 5 mil. Após a mobilização histórica, o teto para o reajuste de 8,9% foi subindo passo a passo. Mas isso ainda era insuficiente: em 17 de novembro, mais de 230 jornalistas afirmaram que se não houvesse uma significativa melhora da proposta, uma nova paralisação, agora de quatro horas, ocorreria na semana seguinte.

E assim começaram os momentos mais decisivos da campa­nha salarial. As empresas ameaçavam encerrar as negociações se houvesse nova paralisação. E a categoria se mantinha firme na decisão de aumentar o tempo da parada se não houvesse acordo, mesmo diante dos riscos. Ainda assim, em nova tenta­tiva, encaminhou-se uma contraproposta em 22 de novembro.

Em 23 de novembro, dois dias antes da nova paralisação, os patrões retornam com uma proposta: reajuste de 8,9% para sa­lários até R$ 8 mil (sendo 5% pagos em junho, na data-base, e o restante em janeiro de 2022) e um valor fixo de R$ 712 para salários acima desse texto. Além disso, a multa da PLR estaria garantida e seria reajustada em 8,9%, chegando a R$ 862.

Naquele momento, a direção do Sindicato percebera que a negociação poderia encaminhar para um desfecho positivo — para boa parte dos jornalistas, um teto de R$ 10 mil para o reajuste de 8,9% era entendido como pos­sível para o fechamento do acordo, embora o justo, no entender geral, fosse a reposição da inflação para todos os salários. Em 24 de novembro, com a tensão inerente a um momento de iminência de nova paralisação, a categoria reuniu-se em duas assembleias, uma no período da manhã e outra de noite. Ambas com centenas de profissionais.

Na parte da manhã, foi decidido pelo envio de uma nova contraproposta: 8,9% para salários até R$ 12 mil. As empresas responderam que ofereceriam o reajuste para um teto de até R$ 9 mil, pagando 5% em junho e 3,72% em janeiro.

Na assembleia noturna, com mais de quatro horas de duração, a proposta patro­nal foi rejeitada. Abriu-se uma discussão: seria apresentada uma proposta de reajus­te de 8,9% para salários até R$ 10 mil ou ainda se manteria uma nova tentativa de pressionar as empresas? Por fim, venceu a proposta vinda da base da categoria, indi­cando um reajuste completo para salários até R$ 11 mil, sendo 5% pagos em junho e 3,72% em dezembro — o que acarretaria o reajuste para o 13º salário.

A proposta foi levada às empresas às 23h30, com o comunicado de que a parali­sação estava mantida. Nem a diretoria do SJSP, nem os representantes dos patrões tiveram uma noite de sono completa. Em determinados momentos, toda a negocia­ção parecia estar por um fio. Em outros, uma possibilidade de retomar a discussão voltava à baila.

Nessa guerra de nervos, venceu a pos­sibilidade de que a Convenção Coletiva poderia ser assinada. No início da manhã de 25 de novembro, as empresas apresen­taram uma nova proposta à categoria: 8,9% para salários até R$ 10 mil – e um valor fixo de R$ 890 para vencimentos acima deste teto –, com o reajuste sendo completo no mês de dezembro.

Braços cruzados, notebooks fechados

Mobilização em meio ao home office aponta caminhos para o movimento sindical adotar novas ferramentas para manter a luta

Primeira grande paralisação de nossa categoria neste século 21, o movimento coletivo de jornalis­tas também foi histórico por conta do formato da mobilização: como as empresas mantêm o home office por conta da pandemia, os profissionais cru­zaram os braços por duas horas desconectando-se do ambiente virtual de trabalho.

Mas como organizar as e os profissionais, disper­sos por toda a cidade (e até em outros estados, como jornalistas que trabalham em sucursais)? O jeito foi utilizar a tecnologia como ferramenta de luta: o “piquete” se deu em um ambiente virtu­al, reunindo cerca de 350 jornalistas nas salas do Google Meet criadas para agruparem a categoria paralisada.

As reuniões virtuais também se mostraram fer­ramenta útil para a realização das assembleias: foi possível reunir a categoria de maneira rápida e organizada, com ampla participação nos debates para planejar os passos da luta — que culminaram na reposição dos salários pela inflação do período.

Na avaliação da diretoria do SJSP, outro compo­nente importante para aumentar a pressão sobre as empresas foi a mobilização realizada no Twit­ter durante a paralisação de duas horas, em 10 de novembro. As hashtags #jornalistassalvamvidas e #jornalistasvãoparar chegaram aos assuntos mais comentados da rede social — a escolha da primeira hashtag é uma lembrança do papel da categoria na cobertura da pandemia.

Entidades sindicais de todo o Brasil, centrais sin­dicais, federações internacionais de jornalistas, personalidades e companheiras e companheiros de diferentes áreas se somaram na solidariedade ao movimento virtual, garantindo amplitude para a paralisação da categoria.

Diante de novos elementos do sistema econô­mico trazidos pelo avanço tecnológico, em que as relações de trabalho não se estabelecem apenas dentro de uma fábrica, escritório ou em uma reda­ção, as formas de construir a paralisação adotadas pela categoria indicam caminhos para o movimen­to sindical organizar a luta da classe trabalhadora, pois os fundamentos das relações de trabalho se mantêm inalterados (relação patrão-empregado).

Em outubro passado, a 16ª Plenária Nacional da CUT discutiu, entre outros aspectos, como manter os sindicatos atuantes numa conjuntura global de descentralização e fragmentação do trabalho — com o meio virtual ocupando relevância num am­biente antes marcado pelos espaços tradicionais de produção. Graças à criatividade e à disposi­ção de nossa categoria, dá para afirmar que, sim, é possível pressionar os patrões e avançar na luta utilizando todos os recursos disponíveis, incluindo a tecnologia, mas sobretudo dando todo o prota­gonismo para a participação da base.

É claro que falta calor humano quando a mobi­lização acontece em uma sala virtual. Mas como disse um de nossos diretores: “Nunca imaginei que organizar um piquete virtual pudesse ser tão emo­cionante…” E foi bonito de ver mesmo! (Thiago Tanji)

Às 12h, faltando duas horas para o início da paralisação, uma assembleia com qua­se 400 jornalistas se instala em clima de celebração e vitória. Ainda não era tudo o que queríamos, mas saímos praticamente do zero para chegar ao reajuste comple­to para boa parte dos salários. Nas falas, destaque para a maneira como a campa­nha salarial ocorreu: com transparência, sinceridade e, sobretudo, o protagonismo de cada jornalista, que decidiu os rumos do movimento a partir da organização em torno do Sindicato.

Com uma grande salva de palmas, a proposta foi aprovada por unanimidade e um recado final deixou claro o que foi conquistado: a campanha salarial de 2021 estabeleceu um marco para a nossa cate­goria e, a partir de agora, a luta por salários e dignidade se dará em um novo patamar. Somos trabalhadoras e trabalhadores, exi­gimos respeito. E a luta continua!