por Juca Kfouri
Está chegando a hora de aqueles que nos mandavam para Cuba, ou para Venezuela, irem para Hungria e viverem sob a proteção do celerado Viktor Orbán, o que comprou toda a mídia e implantou regime de extrema-direita desde a encantadora Budapeste.
SERÁ
INTERESSANTE
FAZER
EXERCÍCIO DE
FUTUROLOGIA
E PENSAR NO
PAÍS APÓS
OUTUBRO
Informo desde já que não conheço nem Cuba, nem a Venezuela, e embora reconheça méritos inegáveis na ilha, tenho certeza de que teria vida dura se lá morasse.
Quem ler Leonardo Padura entenderá por quê.
Mas, de volta ao Brasil, será interessante fazer exercício de futurologia e pensar no país após outubro.
Será que os veículos que passaram os últimos anos mentindo descaradamente serão punidos por seus ouvintes, leitores e telespectadores?
Quem passou tanto tempo ouvindo que Lula não podia ir às ruas, que vacinas não são seguras, ou que todas as pesquisas eleitorais são manipuladas, continuará ouvindo sua rádio predileta, lendo o jornal que escreveu ser Lula o extremo oposto de Bolsonaro ou vendo as TVs que abrigaram todos esses produtores de mentiras na emissoras de rádio, jornais e blogues imundos pela Internet?
Tenho quase certeza de que sim.
Não abandonarão os canais de lavagem cerebral aos quais se acostumaram fortalecendo os músculos em academias insalubres e apurando a pontaria em clubes de tiro com suas viseiras impenetráveis e menos de dois neurônios.
Verdade que o dinheiro que manteve tantos veículos via vacinas superfaturadas, rachadinhas, rachadonas e um sem-número de práticas corruptas será mais escasso. Nem por isso as fontes secarão por completo e daí será absolutamente necessário travar batalha diária pela informação correta e pela vigilância permanente, sem complacência ou cumplicidade com os erros que porventura, e certamente, acontecerão.
Vale sempre repetir Millôr Fernandes e lembrar que imprensa é oposição e o resto é armazém de secos e molhados, até para não repetir, e desculpe a repetição, os equívocos cometidos nos governos democráticos desde o fim da ditadura até 2016.
Do mesmo modo que não fomos para Cuba, ou para Venezuela, eles não irão para Hungria, com exceção, talvez e se der tempo, dos sociopatas que mergulharam o Brasil nas trevas.
Combater a mentira é missão permanente.