Coluna do Juca: Tudo é jornalismo?

por Juca Kfouri

Dói abrir um jornal centenário como O Estado de S.Paulo e ler em seu editorial, por mais que você já saiba de antemão que não concordará, que Lula e o genocida são apenas extremos opostos. Mas é uma opinião, como outra qualquer, compra quem quer, e mais serve para desgastar a credibilidade do que para fazer cabeças, além das já feitas e que sempre optarão pela extrema direita.

Definitivamente Lula não é de extrema esquerda, aliás, muito ao contrário, é um conciliador por natureza, desde os tempos em que liderava greves no ABC.

E QUE FIQUE BEM CLARO: NADA CONTRA OS JORNALISTAS DE DIREITA. ASSIM COMO AOS DE ESQUERDA, APENAS E TÃO SOMENTE É PROIBIDO MENTIR

Já se o Estadão se dedicar a fazer reportagem para provar sua tese estaremos diante de algo grave, de falsificação dos fatos, como fazem notórias e notórios formadoras e formadores de opinião, em busca de monetizar suas notícias falsas, como revela o inquérito que apura os crimes do gabinete do ódio instalado no Palácio do Planalto.

Triste papel de tais figuras, cujo passado de direitistas civilizados se transformou em propagadores de mentiras que não param em pé por cinco minutos, mas que alimentam os fundamentalistas que os sustentam regiamente.

A questão que está posta é sobre o limite de tais sandices.

Por que nosso Código de Ética parece letra morta numa gaveta do sindicato? Como silenciar diante de tanta ofensa ao exercício do jornalismo? Não bastam os garotos-propagandas?

Não se trata de promover caça às bruxas e nem muito menos de impedir que sigam com suas bandidagens, poder que o Código de Ética não tem e é bom que não tenha.

Apenas é obrigatório denunciá-los, mostrar à sociedade que os jornalistas de verdade não os têm mais na conta de iguais.

E que fique bem claro: nada contra os jornalistas de direita. Assim como aos de esquerda, apenas e tão somente é proibido mentir.

Quando um criminoso dissemina a dúvida sobre se a quase morte de jogador de futebol no gramado teve como responsável a vacina contra covid, que ele não tomou, é porque ultrapassamos todos os limites não apenas na política, mas, também, no jornalismo.

Ou quando outro augustamente cobra que Lula visite o túmulo do irmão e do neto cremados.

Ou quando outra propaga ledamente que Lula e o STF queriam matar o genocida.

Qual é o limite?

E calamos perante tanta barbaridade?