Coluna do Juca: Pau no Lula

por Juca Kfouri

O fascista, diga o que disser, está normalizado. Por maior que seja o absurdo, e a imprensa registra todos, nem dá manchete. Faz parte.

Mas se Lula fala em lei de mídia, em legalização do aborto, em culpas divididas pela invasão russa na Ucrânia, é um bafafá.

Como negar ser o aborto questão de saúde pública? Ora, ninguém pode ser “a favor do aborto”, nem que as mulheres ricas abortem à vontade com segurança e as pobres morram nas mãos de inaptos.

Regulação da mídia é censura? Alguém falou em controlar conteúdo? Nunca! Por que nos Estados Unidos e na Europa pode e aqui não?

CONTRAPOR
LULA AO
FASCISTA É
EQUIVALENTE
A DIZER QUE
CIVILIZAÇÃO
E BARBÁRIE
SÃO A MESMA
COISA

E por que quando o papa Francisco também divide a responsabilidade da guerra a repercussão é outra?

“Ah, o Lula tem de parar de improvisar.”

Daí, ele faz ótimo discurso lido ao se lançar pré-candidato e dizem que perdeu a espontaneidade.

É claro, Lula é o favorito, deve ser seguido com lupa, mas parece que nem foi presidente por oito anos e jamais pôs a democracia em risco, ao contrário, recusou plebiscito para ter o terceiro mandato, que ganharia com mais de 80% dos votos.

Como é verdade que a mídia cobriu corretamente a cerimônia da pré-candidatura, ao vivo, sem cortes, até a Jovem Klan!

Nada contra quem o critica, ou até propõe segundo turno com três candidatos, sem dúvida uma ideia inovadora, rara, quem sabe genial.

Eu mesmo, confesso, quando o Corinthians, ou a Seleção Brasileira, nesta ordem, não chega à final de uma Copa, fico com vontade de propor um triangular decisivo…

Que se caia de pau em Lula é aceitável, compreensível e necessário.

Que ele seja posto na vala do fascista, não. Definitivamente, não!
Lula, Ciro Gomes, Simone Tebet, até mesmo João Doria (argh!) representam o mundo civilizado, com projetos diferentes, opostos até.

Mas contrapor Lula ao fascista é equivalente a dizer que civilização e barbárie são a mesma coisa.

O erro já foi cometido em 2018 quando um professor de história impecável, Fernando Haddad, acabou derrotado pelo soldado terrorista posto para fora do Exército.

O preço é impagável e tétrico: quase 700 mil mortos pela pandemia subestimada, volta do país ao mapa da fome, inflação, salário mínimo pífio, meio ambiente e cultura destruídos.
Chega!