Temos visto pelo mundo afora o chocante movimento antivacina em pleno século 21. Chefes de Estado e políticos em geral defendem direitos individuais que se sobreponham aos direitos coletivos, numa palavra, que o cidadão possa contaminar sua comunidade.
Não por acaso são os mesmos que defendem a população armada para fazer o trabalho que lhes cabe na segurança pública.
Em São Paulo, há até mesmo uma deputada bolsonarista, Janaina Paschoal, que se diz perplexa porque pessoas vacinadas, que contraíram a covid, defendem a vacina, sem se dar conta que só estas poderiam fazê-lo, porque graças à prevenção sobreviveram à pandemia. Quem não se vacinou e morreu, por óbvio, perdeu a oportunidade.
É como se um técnico de futebol resolvesse escalar seu time sem goleiro já que sofrer gols é inevitável.
Agora apareceu um novo tipo de negacionista na imprensa bolsominion: os negacionistas das pesquisas.
Sejam as feitas por institutos como o Datafolha, ou o novo Ibope, ou por instituições do mercado financeiro.
O fato de mostrarem resultados que contrariam o desejo deles os leva a imitar avestruzes.
O mais patético é que são os mesmos que desqualificaram as pesquisas que revelavam a vitória de Biden sobre Trump, nos Estados Unidos, e que hoje se valem delas quando mostram a queda de popularidade do novo presidente americano.
Ou que só se valem das orientações da Organização Mundial da Saúde (OMS), que vilipendiam diariamente, quando de alguma maneira estão de acordo com suas opiniões.
Seria trágico não fosse cômico.
São os mesmos que vaticinaram a morte do Partido dos Trabalhadores e o fim da carreira do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Os mesmos!
Têm ainda um contingente razoável de fãs e é possível que o mantenha quando as eleições de outubro decretarem o fim do pesadelo que assola o país desde 2016. Gente que será convencida de que houve fraude, de que as urnas eletrônicas são inconfiáveis e que defendem ser a Terra plana.
Dizem que representam o “novo” jornalismo, que o velho morreu, mas não passam um dia sem atacá-lo, em contradição deliciosa.
O jornalismo terá espinhosa missão quando o sol voltar a raiar sobre nós.
Trazer de volta à realidade os fascistas que desconhecíamos.