Coluna do Juca: Ainda sobre a Lei de Meios

Opiniões mais que respeitáveis no campo progressista consideram inoportuna a discussão sobre a Lei de Meios na próxima campanha eleitoral.

Desnecessário dizer o motivo: a mídia hegemônica no país a considera mais que inoportuna, a vê como tentativa de censura, o que não é verdade.

Já foi dito aqui que as principais democracias do mundo têm em vigor legislação regulatória da imprensa, seja por motivos econômicos, seja para coibir excessos, ou ambos.

Nos Estados Unidos, a ameaça do capital estrangeiro estabeleceu novos parâmetros para a propriedade cruzada dos meios de comunicação.

Na Inglaterra, a legislação fechou um tabloide sensacionalista do australiano Murdoch que gravava as ligações telefônicas de celebridades.

Faz sentido? Ora, se faz!

Lembremos que o atual presidente do Brasil surfa na onda de ser contra qualquer regulação, e o motivo está claro. Enquanto agride jornalistas, e distribui verbas para sua rede de notícias falsas, tudo que mais teme é o controle social dos veículos de informação.

Ora, seria mesmo o fim do mundo um jornalista defender censura à imprensa.

Acaciano dizer que governos não podem controlar a liberdade de expressão, a sociedade sim é que precisa ter instrumentos para se defender de quem prega a violência, faz campanhas contra vacinação, pregações racistas ou homofóbicas, além de mentir descaradamente sobre as agressões ao meio ambiente.

Curioso observar, por exemplo, a justa preocupação dos meios tradicionais com os absurdos cometidos pelos Facebooks da vida, e a consequente grita por algum tipo de limite à atuação das chamadas big techs.

Se vale para uns, e vale, por que não valeria para todos?

O importante não é discutir a oportunidade da questão, mas a questão em si.

Desonesto será esconder o tema na campanha eleitoral e deixar para depois, caso se eleja quem considere importante fazer a discussão, para ser justamente acusado de estelionato eleitoral.

Tudo, rigorosamente tudo que esteja no horizonte de uma candidatura deve ser exposto em seu programa.

Para que o eleitorado saiba exatamente o que esperar do governante que eleger.

Inoportuna é a omissão, inoportuno é o medo de expor ideias.

É preciso ousar.