por Mônica Bento
Entre julho e agosto últimos pudemos acompanhar a 33ª edição dos jogos Olímpicos e Paralímpicos de Paris 2024. Mas, para encarar a rotina de uma reportagem desse porte, é preciso ter um desempenho atlético. Em meio a tantos acontecimentos simultâneos, é preciso expertise, mas também muita sensibilidade.
Relatos dos repórteres fotográficos Wander Roberto e Ale Cabral, ambos membros das equipes dos Comitês Olímpico e Paralímpicos Brasileiro, nos transportam para um universo de conquistas (ou derrotas) históricas e instantes que marcam gerações. Mais do que especialistas, eles compartilham a paixão pelo esporte.
ALE CABRAL
Essa foi minha segunda Paralímpicos, e a surpresa dessa edição foram os cenários maravilhosos! Fizeram questão que a gente fotografasse a integração da cidade com as provas. Como todo evento mundial, o nível de exigência da organização é alto. Ficava lembrando dos jogos que eu fazia nos estádios sem iluminação, na chuva e pensei “valeu a pena”!
Gosto de diversificar as modalidades porque me causa um incômodo fazer sempre a mesma coisa, mas vai de cada um querer se desafiar. É uma maratona para quem cobre também! Existem algumas particularidades para fotografar as Paralímpicos, mas o essencial é o mesmo: preparo técnico, físico e mental para conseguir captar o momento certo do(a) atleta, tendo ele(a) deficiência ou não. As competições também seguem padrões diferentes e algumas não existem nos jogos olímpicos, o que torna as provas mais demoradas, exigindo mais atenção. Apesar de toda a concentração, estamos sempre torcendo pelo Brasil. Mas até certo ponto porque não dá muito pra se envolver. Um momento que mais me tocou muito foi quando o Gabriel da natação entrou no local da prova, a Arena toda gritando por ele, foi muito emocionante!
WANDER ROBERTO
Sou colaborador dos comitês Olímpico e Paralímpicos Brasileiro há 22 anos. A primeira olimpíada que fiz foi em Atenas 2004, e é muito interessante lembrar porque nada se compara à agilidade que temos hoje. A tecnologia certamente é um diferencial em todos esses anos.
A cerimônia de abertura desses jogos foi desmembrada, muitas coisas aconteceram ao mesmo tempo em lugares diferentes, então o posicionamento foi determinante. Mas nem sempre a melhor imagem vem do seu lugar de foto, imprevistos podem exigir mais experiência do profissional, e o que parece uma roubada pode ser um diferencial.
Para mim a fotografia se divide em 3 etapas: pré-pauta (preparação), a pauta (produção do conteúdo) e o pós (tratamento e edição). O que nos motiva é o flagrante. Estamos sempre preocupados com a informação, além da plasticidade e a beleza do esporte, preservamos a notícia.
Eu defendo a ideia de diversificar as modalidades dentro da cobertura, mas a vantagem de cobrir sempre o mesmo esporte é que, além de estar mais preparado, a probabilidade de fazer uma boa foto é maior.