por Juca Kfouri
Já faz bom tempo que ocupo este espaço em nosso UNIDADE.
Antes, bem antes disso, em 1975, também aqui, fui aprendiz do querido Fernando Pacheco Jordão que o editava com maestria nos tempos da feroz ditadura.
Durante as trevas bolsonaristas, tentei jogar um pouco de luz na parte podre de nossa imprensa que aderiu à escuridão.
Foram tempos difíceis, de muita decepção com alguns ex-jornalistas que mudaram de lado e engrossaram a onda de ódio que ainda hoje tanto mal faz ao Brasil.
Outro dia mesmo, na Praça Vladimir Herzog, ao rever a lista dos 1004 jornalistas que assinaram o manifesto “Em nome da verdade”, e exigiram a apuração do assassinato de Vlado pela OBAN diante das mentiras disseminadas pelos assassinos no poder, vi nomes que traíram vergonhosamente a causa da democracia.
Cito três: Augusto Nunes, José Roberto Guzzo e Olavo de Carvalho.
O eleitorado brasileiro nos livrou de mais quatro anos sob o tacão do adorador de torturadores e arauto da necropolítica, além de corrupto dos pés à cabeça e dos membros da família.
O perigo de retrocesso permanece presente por meio da disseminação de notícias falsas, financiadas pelo capital financeiro e empresários sem escrúpulos, gananciosos e de costas para os excluídos.
Como sempre, o papel do jornalista é o de fiscalizar o poder e denunciar quaisquer ameaças ao processo democrático neste país ainda tão dramaticamente desigual.
Novos perigos produzidos pela revolução tecnológica estão postos no mundo digital.
Se Albert Einstein descobriu como transformar massa em energia, Robert Oppenheimer fez dessa descoberta a mais mortal das armas.
O mau uso da Inteligência Artificial pode causar danos semelhantes, com as Big Techs sem controle social.
É isso.
Estamos diante de novos desafios para o exercício do bom e independente jornalismo, uma redundância.
Daí ser hora de recarregar baterias para seguir na luta pelo prevalecimento da verdade factual e de, também, dar lugar nesta trincheira aos novos companheiros que terão a missão de conduzir o destino de nosso bravo Sindicato dos Jornalistas no Estado de São Paulo.
Que o espírito de Audálio Dantas paire sem parar e que sejamos felizes sob nova direção.
Até sempre!